20 de fev. de 2009

As diversas formas da arte


"Les demoiselles d'Avignon" (Pablo Picasso - 1907)




“Somos todos inclinados a aceitar as formas e cores convencionais como sendo as únicas corretas” Gombrich.

Em seu livro A História da Arte, Gombrich relata que a arte se revela em tudo, ao nosso redor. Desde o canto de um rouxinol até o simples ato de abrir uma porta. Porém, permanecemos inertes diante dela, pois só consideramos arte aquilo que é bonito e atraente aos nossos olhos. Somente consideramos belas as formas que estão dentro dos museus e galerias de arte, patrocinadas por grandes empresários.

Exaltamos os pintores famosos, afortunados, e negligenciamos os artistas urbanos. Cultuamos as telas e os desenhos com traços bem definidos, como as pinturas renascentistas e, recusamos os desenhos assimétricos, e por vezes, deformados do cubismo. Não reconhecemos a arte que está presente nas ruas, nos guetos e nas comunidades mais humildes. Arte esta, feita por pessoas simples e marginalizadas pelo capitalismo.

Vivemos sobre uma plataforma de conceitos pré-estabelecidos e padronizados de arte, beleza, cores e formas. Aplaudimos, encantados, a uma orquestra ao término de uma sinfonia, no Teatro Municipal. No entanto, passamos ignorantes por um músico ou ator que exprime, sensivelmente, notas e expressões, ao ar livre.

Da mesma maneira que abominamos as cores e as formas inovadoras da arte, também, o fazemos com as pessoas. Somos de formas e cores distintas. Excluímos aqueles que não se assemelham com os padrões de beleza impostos pela mídia, como uma ditadura. No auge da Era Digital, “deletamos” as formas arredondadas, grandes, antigas e enrugadas. Alguns chamam estas formas de velhas. E em nossa lixeira eletrônica colocamos as cores escuras, cinzas e pardas. Enaltecemos o físico e nos esquecemos do verdadeiro eu de cada um: o caráter e o valor ético que cada ser humano deve ter. A sociedade, do século XXI, nos oferece velocidade, tecnologia, comodidade e infinitas informações. Contudo, reprime todos aqueles que querem romper com regras e hábitos uniformes; excluindo o novo e o diferente.
Wellerson