28 de out. de 2009

Centro de Juiz de Fora


Ao fundo o prédio da Prefeitura Municipal e a Estação Central

23 de out. de 2009

Fortuna, Imperatriz do Mundo • • 2ª PARTE

(...) Nos momentos de bem-aventuranças, a prosperidade reina absoluta. Sorte e virtudes estão sobre a sociedade que, se senta no trono da Fortuna. E, muitos investimentos são feitos, negócios empresariais são fechados e contratos são assinados. O consumo exacerbado é inevitável. Compram-se grandes casas, os carros populares dão lugar aos luxuosos automóveis e, se testemunha uma corrida veloz aos templos do consumo - os shoppings centers.

Adquire-se um pouco de tudo. Até mesmo, algo que será de irrelevância utilidade. Os produtos importados multiplicam-se nas prateleiras exterminando os produtos nacionais e, as viagens ao exterior tornam-se rotineiras. Contudo, a roda da Fortuna está em movimento. E gira, impiedosamente. Despreparada, a sociedade desce desolada, chorando as chagas deixadas pela Fortuna.

Os empréstimos e as dívidas se alastram no meio do empresariado. A fantasia dos longos prazos e crediários ilude os mais fracos. Em casos extremos, as pesadas portas das empresas são fechadas. Outrora, o trabalho é açoitado, restando ao homem um último sopro de vida do seu seguro desemprego. O consumo excessivo sai de cena e a palavra de ordem é economizar, preocupando-se em comprar somente o básico. Os números registrados pelas modernas máquinas do caixa parecem saltar aos olhos do mais simples ser humano. E, assim, a cruel roda do capitalismo, da Fortuna, da Imperatriz do mundo; continua girando, sem interromper o seu movimento, o seu ciclo vicioso e extasiante, proporcionando sorte e azar.
Wellerson Cassimiro

Avenida Getúlio Vargas


Ao fundo, o prédio do Museu do Banco do Crédito Real
Juiz de Fora - MG

22 de out. de 2009

Fortuna, Imperatriz do Mundo • • 1ª PARTE

Considerada uma das obras-mestres do século XX, a Cantata Carmina Burana, em seu primeiro movimento, faz uma alusão ao árduo sistema sócio-econômico mundial: o capitalismo que, esconde a sua dupla face. Ora como um algo sacro e, ora como um monstro usurpador. Ele dá e tira. Emerge na forma de uma roda volúvel que, está em eterno movimento.

Escrita por monges e eruditos errantes, a Cantata é uma coleção de 200 poemas encontrados em um pergaminho, no ano de 1803, na biblioteca de um antigo mosteiro, na Baviera Superior, sendo simbolizada por um elemento da antiguidade: a roda da Fortuna. Os poemas relatam as bênçãos e as maldições provindas da Fortuna; a imperatriz do mundo. Em seus primeiros versos, os monges escrevem: “Ó Fortuna és como a Lua mutável, sempre aumentas e diminuis; a detestável vida, ora escurece e ora clareia por brincadeira a mente; miséria, poder, ela os funde como gelo”. Ainda que em tempos remotos, estes eruditos pareciam revelar a futura estrutura econômica das sociedades do terceiro milênio.

Nestes atuais grupos sociais, o dinheiro é líquido e instável. Ora se ganha. Ora se perde. Por vezes, parece abstrato e invisível. Ao mesmo tempo, que equilibra, se torna irregular. Aqueles que, hoje, exaltam sua felicidade sobre seus capitais, amanhã podem chorar ao ver sua virtude econômica esmorecer, atingida por uma forte mudança no mercado financeiro. O capitalismo se mostra como um grande carrasco, escravizando até mesmo os mais fortes(...).
Wellerson Cassimiro

21 de out. de 2009

Orquestra dos Meninos


Um artista só se curva para agradecer ao público.”

Superação, esperança e fé são as palavras-chaves da emocionante história da “Orquestra Sinfônica do Agreste”, sob a regência do maestro Mozart Vieira. Acusado de cometer abusos sexuais e de sequestrar um dos adolescentes integrantes de sua orquestra, Mozart lutou, incessantemente, para manter vivo o seu sonho, a Fundação Música e Vida, adquirida através do esforço de 13 jovens do sertão e, para provar sua inocência. Invejado por políticos corruptos, o maestro Vieira se viu encurralado em um labirinto de interesses escusos. Contudo, Mozart não se curvou e a arte sobressaiu à politicagem, tendo seu talento reconhecido.

Dirigido por Paulo Thiago e produzido por Gláucia Camargo, o longa-metragem “Orquestra dos Meninos” revela os reais fatos que envolveram um grupo de adolescentes que, descobriram na música uma chance de mudar o destino de suas vidas, assoladas pelo sol e a terra árida do nordeste brasileiro. Os fatos ocorreram entre os anos de 1972 e 1995. Atualmente, estes jovens se tornaram bacharéis em música erudita e, realizam, frequentemente, concertos em território nacional e no exterior.
Wellerson Cassimiro

13 de out. de 2009

Praça João Penido • • • Praça da Estação


Região Central de Juiz de Fora

O Medo Institucionalizado • • 2ª PARTE

A MÍDIA DO MEDO

No texto anterior, observou-se a instalação do medo nas grandes cidades oriundo, principalmente, do inchaço desses centros urbanos. Contudo, percebe-se que a mídia contribui e, é um forte elemento, para uma realidade de incertezas sociais, mantendo os cidadãos sob um regime de medo constante, unindo a razão e o irracional; a história e a fábula. Descobriu-se que, o medo é lucrativo gerando capital tanto para, os grandes empresários como, para os políticos que, por sua vez, controlam os mais prestigiados meios de comunicação de massa. Surge “a mídia do medo”.

Os noticiários apresentam uma realidade urbana que se funde a ficção como, um seriado de TV. Há um forte discurso de extrema espetacularização do pânico. O medo se institucionalizou e virou o protagonista dessa novela, onde os cidadãos são os figurantes e a audiência é o alvo. A propagação do medo foi ratificada quando, recentemente, a Gripe A (H1N1), registrada inicialmente no México, fez com que inúmeras pessoas mudassem de hábitos diários, em vários países. O pânico foi instalado e, alimentado pela imprensa internacional e brasileira, fez com que o álcool gel, produto utilizado para assepsia, sumisse das prateleiras dos supermercados, no caso do Brasil.

Quanto aos hábitos, o tradicional cumprimento, utilizando o aperto de mãos, foi abolido. Grandes eventos sociais, onde houvesse concentração de pessoas, foram cancelados. As janelas dos transportes coletivos permaneceram abertas, lenços e máscaras descartáveis tornaram acessórios imprescindíveis nas bolsas e nas mochilas dos estudantes, além do adiamento do retorno às aulas, no início do segundo semestre de 2009. A cultura metropolitana foi alterada pelo medo. Novos costumes foram inseridos para que evitasse uma possível pandemia. Contudo, quase dois meses depois da coroação do pânico, parece que o medo acabou. Será que a doença cessou? Havia os cientistas encontrados a cura? A resposta está na mídia.

Observa-se que, a imprensa desviou o seu foco e a população esqueceu o assunto, retornando à sua rotina habitual, o que comprova, mais uma vez, o poder que a mídia tem sobre a massa, controlada pelo discurso da indústria cultural. Forma-se, desse modo, uma grande teia que une o medo como instituição, a mídia e a indústria cultural, manipulando as pessoas, deixando-as sob um interminável estado de tensão coletivo, aprisionados e, de forma invisível, sendo controlados.
Wellerson Cassimiro

7 de out. de 2009

O Medo Institucionalizado • • 1ª PARTE

A MÍDIA DO MEDO

Atualmente, é possível observa que, as cidades estão cada vez mais populosas, concentrando um grande número de pessoas. A todo instante, erguem-se altos arranha-ceús, com inúmeros apartamentos, em locais onde havia casas para, no máximo, cinco pessoas. Modernos e luxuosos, ostentando vitrais e designers futurísticos, estes edifícios vão surgindo na paisagem, sem interação com ela. Logo na entrada, no alto, sobre o portão eletrônico está uma câmera de vigilância que, zela pela segurança. Será segurança?

Nos horários de pico, entorno das 18h, também chamado de a “Hora do Rush”, as ruas são invadidas por muitos veículos; as paradas dos transportes coletivos urbanos permanecem lotadas e a volta para casa, após um dia inteiro de trabalho, se transforma em um árduo flagelo. Tudo isso é consequência do inchaço dos centros urbanos, na contramão do que seria um crescimento geográfico.

Vale ressaltar que, as pessoas embarcam no mesmo ônibus, diariamente e, no entanto, não conversam entre si, nem mesmo um bom dia se é ouvido. Caso semelhante ocorre quando um grupo de pessoas está em um elevador. Não há cumprimentos ou saudações. O silêncio paira no ar. Ao mesmo tempo em que estão em grupo, as pessoas estão isoladas. Por que esse afastamento social? Talvez, o ser humano urbano tornou-se um solitário em meio à multidão.

O inchaço das cidades as transformou em um grande campo de batalha em que, todos os dias é preciso vencer os males urbanos como, os vários tipos de violência que já fazem parte de seu cotidiano. Viver na sociedade do terceiro milênio é estar na mira da violência física, moral, psicológica, ideológica e entre outras. Assim, as pessoas constroem as suas próprias celas, chamadas de casas. Elas passam a viver em cárcere privado. Equipam suas residências com câmeras de vigilância, cercas elétricas, interfones com câmeras, cães ferozes, investem em profissionais de segurança e guaritas com cancelas. E, surge a pergunta: quem são os verdadeiros prisioneiros nesta sociedade? Realmente, há liberdade? (...)
Wellerson Cassimiro