31 de dez. de 2011

Um hino para o réveillon

Escrita pelo músico norte-americano, Henry Tucker, a música “Joy-Bells”, Ano Novo, apresenta uma estrutura melódica que, verdadeiramente, remete a uma explosão dos fogos de artifício após a contagem regressiva, anuncinando a chegada do novo ano. Composto para o canto congregacional, em meados do século XIX, sob o andamento allegro, a obra esta dividida em três estrofes e um refrão. Ideal para a sua execução nas celebrações de fim de ano, nas igrejas protestantes, o hino revela o seu clima festivo logo nos primeiros compassos, com acidentes, que se repetem duas vezes, antes de iniciar o coro.

E, o destaque vai para a linha melódica do refrão, no qual colcheias pontuadas, semicolcheias, seminimas e suas respectivas pausas se intercalam ligeiramente representando, desse modo, o estourar sequenciado dos fogos de artifício. Tucker fez parte do coro, no naipe dos baixos, da Capela de São João, em Varick Street (EUA), em 1861, e entre os anos de 1850 a 1882, escreveu cerca de 121 canções e uma cantata; a peça “José no Egito”, em 1870. Henry Tucker morreu em 1882, no Brooklyn (EUA). Wellerson Cassimiro

25 de dez. de 2011

Uma diversidade musical na cantata de Natal

Com músicas do compositor e maestro ucraniano Mykola Leontovich, a Cantata de Natal “Vinde... Adoremos”, do Grupo Renascença, traz à tona canções inglesas do século XVIII. E, apesar de usar alguns compassos de melodias tradicionais natalinas, a interpretação deste musical é um tanto complexa, devido às pausas breves, acidentes e, principalmente, à modulação constante.

Outra característica é a súbita alternância dos andamentos. A abertura composta para um duo de piano e órgão segue a forma clássica de composição, remetendo a uma sonata. Inicia-se com o movimento em allegro, passa por um adágio, evolui para um allegretto e termina em uma explosão de acentuados acordes anunciando, desse modo, a parte vocal. E o maior destaque é a linha melódica do naipe dos Baixos, que semelhante à técnica do claro e escuro, principal característica das músicas barrocas, emergem a todo instante nas canções. Wellerson Cassimiro

21 de dez. de 2011

Adeste Fideles - Uma origem oculta

Figurinha repetida e interpretada nas mais diversas formas, a música de “Adeste Fideles” marca presença nas celebrações natalinas de todos os anos. Sua melodia consagrada fundiu-se à esta data, em que milhões de cristãos lembram do nascimento de Jesus Cristo. Também conhecido como “Oh Vinde Fiéis” (ou “O Come All Ye Faithfull”), esta canção tem sido cantada em português desde 1881, quando o Rev. James Theodore Houston traduziu o seu texto. A identificação do verdadeiro autor e compositor ainda permeia em um mistério. O texto original é latino e já foi atribuído a São Boaventura, um possível autor francês do século XVII. Contudo, outra vertente afirma que o texto em si tem um início incerto, e pode ter sido escrito no século XIII pelo franciscano, teólogo e filósofo, John of Reading; apesar de ter sido atribuído ao hinista inglês John Francis Wade a autoria deste poema. A origem de sua música também permanece oculta. Em 1785, o Duque de Leeds ouviu a melodia na capela da Embaixada de Portugal e passou a divulgá-la como composição portuguesa.

E, com todo este mistério e conflitos de informações, Adeste Fideles fica ainda mais atrativa e, já ganhou inúmeros intérpretes. Surgem os nomes de Il Divo, Enya, os três tenores Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras; a ex-vocalista da Banda Nightwish, Tarja Turunen; os cantores líricos brasileiros Rinaldo e Líriel; o italiano, Andrea Bocelli, Celine Dion e Natalie Cole. Não obstante, assim como as orquestras, as formações corais também são infinitas. Destacam-se o Coral São João Batista, o Coral Maranata (IEAD), o Coral Francisco Gomes da Rocha, sob a regência de Márcio Miranda Pontes; e o Coral Banrisul, dirigida pelo maestro Gil de Roca Sales. E, em especial, nas igrejas protestantes brasileiras esta melodia tornou-se um dos hinos preferidos no culto de Natal. Wellerson Cassimiro

Sombras Noturnas - Juiz de Fora

Confira o video com fotos noturnas de Juiz de Fora, Minas Gerais.


Link - http://www.youtube.com/watch?v=St6MyR004Ak

9 de dez. de 2011

Pró-Música lança CD da Orquestra Barroca

O 12º álbum do grupo do 22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga traz obras inéditas no Brasil

Diário Regional (www.diarioregionaljf.com.br): O Centro Cultural Pró-Música realiza hoje (09), às 20h, na Capela Santo Inácio do Colégio Jesuítas, o lançamento do CD da Orquestra Barroca do 22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga que aconteceu em julho, em Juiz de Fora. O 12º álbum do grupo, formado por músicos de várias partes do mundo e dirigido por Luís Otávio Santos, registra composições ainda inéditas no Brasil. Mais uma vez, a Orquestra contempla a obra de Jean-Phillipe Rameau (1683-1764), maior expoente da música barroca francesa com “suítes” da ópera “Hypollite et Aricie” e do ballet “Pygmalion”. A música de Rameau é considerada única e especial, com grandes influências da dança da Corte de Versailles. Sua execução só é realmente possível com a utilização dos instrumentos de época e das técnicas de execução barrocas. É um valioso tesouro artístico que vem à tona através da interpretação da Orquestra Barroca.

8 de dez. de 2011

Clipping - Jornal Diário Regional

O Jornal Diário Regional, do Sistema Regional de Comunicação (SIRCOM), publicou nesta quinta-feira (08), a foto dos jornalistas Wellerson Cassimiro e Angelo Savastano, que escreveram um livro sobre a história do rádio juiz-forano e, em especial, sobre o radialista Paulo Emerich, como Trabalho de Conclusão de Curso. A fotografia foi publicada na Coluna de Eduardo Gomes. O livro "Paulo Emerich - A trajetória de um vencedor" faz um breve giro pelo do universo radiofônico mundial, nacional, estadual e local. Em quase quatro meses intensos de pesquisas, revirando bibliotecas e acervos, além de visitas constantes ao radialista aposentado, os jornalistas revelam o depoimento emocionado de Paulo Emerich, repleto de participações ímpares na história do rádio no Brasil. Emerich relata, ainda, a sua presença em um dos momentos mais marcantes do país, quando o general Mourão deflagrou a Revolução de 1964. Também recorda o furo de reportagem quando noticiou, em primeira mão, a morte do presidente John F. Kennedy, em Dallas, Estados Unidos da América.

7 de dez. de 2011

Capitalismo Burana

A Imperatriz do Mundo sob as notas de Carl Orff

O capitalismo possui e esconde a sua dupla face. Escritos por monges e eruditos errantes, a Cantata Carmina Burana é uma coleção de 200 poemas encontrados em um pergaminho, no ano de 1803, na biblioteca de um antigo mosteiro, na Baviera Superior. Estes textos já revelavam o cruel sistema sócio-econômico mundial adotado pelos países ocidentais, simbolizado por um elemento da antiguidade: a Roda da Fortuna.

Considerada uma das obras-mestres do século XX, Carmina Burana descreve o capitalismo ora como algo sacro e, ora como monstro usurpador. Ele dá e tira. Emerge na forma de uma roda volúvel que, está em eterno movimento. Relata as bênçãos e as maldições provindas da Fortuna; a imperatriz do mundo. Em seus primeiros versos, os monges escrevem: “Ó Fortuna és como a Lua mutável, sempre aumentas e diminuis; a detestável vida, ora escurece e ora clareia por brincadeira a mente; miséria, poder, ela os funde como gelo”. Ainda que em tempos remotos, estes eruditos pareciam revelar a futura estrutura econômica das sociedades do terceiro milênio.

Nestes atuais grupos sociais, o dinheiro é líquido e instável. Ora se ganha. Ora se perde. Por vezes, parece abstrato e invisível. Ao mesmo tempo, que equilibra, se torna irregular. Aqueles que, hoje, exaltam sua felicidade sobre seus capitais, amanhã podem chorar ao ver sua virtude econômica esmorecer, atingida por uma forte mudança no mercado financeiro. O capitalismo se mostra como um grande carrasco, escravizando até mesmo os mais fortes.

Nos momentos de bem-aventuranças, a prosperidade reina absoluta. Sorte e virtudes estão sobre a sociedade que, se senta no trono da Fortuna. E, muitos investimentos são feitos, negócios empresariais são fechados e contratos são assinados. O consumo exacerbado é inevitável. Compram-se grandes casas, os carros populares dão lugar aos luxuosos automóveis e, se testemunha uma corrida veloz aos templos do consumo - os shoppings centers.

Adquire-se um pouco de tudo. Até mesmo, algo que será de irrelevância utilidade. Os produtos importados multiplicam-se nas prateleiras exterminando os produtos nacionais e, as viagens ao exterior tornam-se rotineiras. Contudo, a roda da Fortuna está em movimento. E gira, impiedosamente. Despreparada, a sociedade desce desolada, chorando as chagas deixadas pela Fortuna.

Os empréstimos e as dívidas se alastram no meio do empresariado. A fantasia dos longos prazos e crediários ilude os mais fracos. Em casos extremos, as pesadas portas das empresas são fechadas. Outrora, o trabalho é açoitado, restando ao homem um último sopro de vida do seu seguro desemprego. O consumo excessivo sai de cena e a palavra de ordem é economizar, preocupando-se em comprar somente o básico. Os números registrados pelas modernas máquinas do caixa parecem saltar aos olhos do mais simples ser humano. E, assim, a cruel roda do capitalismo, da Fortuna, da Imperatriz do mundo; continua girando, sem interromper o seu movimento, o seu ciclo vicioso e extasiante, proporcionando sorte e azar. Wellerson Cassimiro

6 de dez. de 2011

O Canto Coral

Enfim, outro dezembro. As festas e confraternizações de empresas e turmas de faculdades surgem de todos os lados. A reunião para a incansável festinha do "Amigo - Oculto" é inevitável. Não obstante, as lojas de departamento investem pesado na decoração. Sinos, pinheiros, bonecos gigantes de Papai Noel e música natalina povoam o ambiente, com o intuito de atrair consumidores e clientes em potenciais. Entretanto, outra forte característica dessa época e, que já consagrou-se como uma tradição, são as cantatas de Natal protagonizadas por inúmeras formações corais. Quartetos, quintetos e grandes corais cantam em igrejas, praças, shopping e centros financeiros levando ao público uma mensagem cantada sobre o Natal. É claro que, no repertório, não podem faltar aquelas canções preferidas, como “Noite Feliz”, “Panis Angelicus”, “Oh Holy Night”, “Adeste Fidelis”, “Surgem Anjos Proclamando” e a música “Então é Natal”.

A origem do canto coral

Segundo os registros da Universidade de São Paulo (USP), o canto coral é o mais antigo entre os gêneros musicais e a sua prática está ligada aos cultos religiosos e às danças sagradas no Egito Antigo e na Mesopotânia. A bem da verdade, o termo Choros nasceu na Grécia antiga e diz respeito aos grupos de cantores e dançarinos que uniam suas vozes para formarem melodias distintas entre si. Contudo, essa terminologia ultrapassou os limites religiosos e, rapidamente, foi inserido nos eventos mais populares. De acordo com os documentos da USP, o Cristianismo, por sua vez, utilizou-se desse estilo musical com a intenção de transmitir mensagens litúrgicas e atrair mais fiéis para a igreja em expansão, depois que o imperador romano Constantino I permitiu a liberdade de culto, ainda, no ano 313. Desse modo, dentro dos templos cristãos surgiram verdadeiras escolas de canto coral. A primeira delas foi fundada pelo papa Silvestre I, no século IV.

Atualmente, existem diversas formações corais, como coros independentes, corais étnicos, coros de gêneros, corais profissionais oficiais, corais universitários, coros de igreja, corais de empresas, corais etários, e o coral Meninos Cantores. Este último está ligado a Igreja Católica Romana e, praticamente, extinto. É formado por meninos e homens. Os meninos cantam a melodia do soprano e contralto, que são vozes mais agudas, destinadas às mulheres. Já os homens executam a música destinada aos tenores e baixos, que representam a parte grave da obra.

Um coral ou coro é formado por um grupo de cantores, chamados de coralistas, termo derivado da palavra coral, ou coristas, terminologia derivada da palavra coro. Estes cantores são divididos em naipes (conjunto) segundo a tessitura de suas pregas vocais; ou seja, um conjunto de notas que um cantor consegue articular sem esforço. As vozes são divididas do mais grave para o mais agudo. As vozes masculinas são classificadas em Baixo, Barítono, Tenor, Contratenor e Sopranista. Já as vozes femininas estão divididas em Contralto, Mezzo-soprano e Soprano. No entanto, amiúde, para o canto coral utiliza-se apenas quatro naipes de vozes, formados por Baixo, Tenor, Contralto e Soprano. Porém, em algumas formações, podemos encontrar uma subdivisão no naipe do Soprano, resultando em 1º Soprano e 2º Soprano.

Disciplina e disciplina

E, enganam-se aqueles que pensam que a vida de coralista é fácil. Que é só chegar na frente do público e, simplesmente, cantar. Pelo contrário, o coral significa acima de tudo disciplina. Tanto os coristas quanto cantores de bandas, conjuntos e ministérios de louvor de igrejas precisam adotar uma rotina quase que militar. Além de um vasto estudo de teoria musical, segundo a professora de canto lírico, Cintia Scola, é recomendável que os cantores façam exercícios vocais regularmente em casa e sempre antes de cantar, seja em um ensaio, Karaokê, show ou em uma rodinha de amigos. Para a professora sair de casa com a voz aquecida faz toda a diferença. Ela ressalta, ainda, que alguns cuidados são necessários como, evitar líquidos extremamente gelados e exposição ao ar condicionado. Outra dica é consumir alimentos fibrosos, como a maçã que age limpando boca e faringe. Wellerson Cassimiro

Juiz de Fora - Rio Paraibuna

24 de nov. de 2011

De Mendelssohn a Wagner

Os sinos anunciam mais um enlace matrimonial. É uma noite de gala. A igreja está ornamentada com flores e tapetes vermelho. Os convidados, aos poucos, começam a chegar. E, o repertório favorito de nove a cada dez noivas, a Marcha Nupcial, não pode faltar na cerimônia de casamento. Entretanto, duas populares marchas marcam este momento solene.


A primeira marcha conhecida é a Suíte da obra “Sonho de uma Noite de Verão”, do pianista alemão Felix Mendelssohn. Para escrever toda a obra, o fértil compositor do início do período romântico buscou inspiração em uma peça teatral escrita pelo dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare, a qual leva o mesmo nome. Mendelssohn compôs a tradicional Marcha Nupcial, que faz parte da música incidental (Op. 61), em 1842. Entretanto, a primeira execução integral da obra só aconteceu um ano depois, na cidade alemã de Potsdam. Já a sua execução em um concerto, somente ocorreu no dia 27 de maio de 1844, na cidade de Londres, sob a regência do próprio Mendelssohn, conhecido por ser um compositor eclético, embora de linguagem muito pessoal. A peça musical “Sonho de uma Noite de Verão” é composta pela Abertura (Op. 21), Música de Cena (Op. 61), Scherzo, Intermezzo, Noturno, Marcha Nupcial e a Dança dos Palhaços.


Já a segunda Marcha, popularmente executada nas bodas, é a melodia do Coro Nupcial, que faz parte do ato III, da ópera Lohengrin, do compositor e maestro Wilhelm Richard Wagner. Lohengrin é uma ópera romântica, escrita em três atos, que teve sua estreia em Weimar, na Alemanha, em 28 de agosto de 1850, sob direção do pianista virtuose e Pop-Star da música erudita, Franz Liszt. E, confirmando o início da tradição wagneriana iniciada na ópera “Der fliegende Holländer” (O Holandês Voador – 1843), Lohengrin faz uso constante do leitmotiv, uma técnica de composição que constitui-se em um tema associado a uma personagem, e que aparece no decorrer de todo o drama operístico.

O mais curioso é que nos casamentos atuais, esta marcha é executada no início da cerimônia, durante a entrada da noiva. Na ópera de Wagner, no entanto, a mesma melodia é executada depois do casamento de Lohengrin e Elsa. Intelectual, ativista político e um dos mais fortes representantes do neo-romantismo musical alemão, Richard Wagner ficou consagrado como um dos maiores operísticos. E, desde meados do século XIX, tanto a Marcha de Mendelssohn quanto a de Wagner eternizam a entrada das noivas nas igrejas, caíram no gosto popular atravessando gerações e como músicas patrióticas, consagraram-se como hinos percorrendo continentes. Wellerson Cassimiro.

Rua Barão de São João Nepomuceno - Juiz de Fora

20 de nov. de 2011

Presos às correntes sociais

Segundo a Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, comemora-se hoje, no Brasil, o dia Nacional da Consciência Negra, a qual determinou que o dia 20 de novembro seria dedicado à uma real reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Entretanto, esta reflexão não tem sido uma realidade. O que se percebe é que a população negra ainda está acorrentada. Não presa pelas grossas correntes das senzalas e dos troncos. Contudo, presa às correntes sociais dos pensamentos limitados da atual sociedade alienada, sustentada pelas futlidades do entretenimento vazio e pela ideologia do espetáculo. Não vejo consciência alguma. Nem negra, nem branca e nem amarela. Se é que a consciência tem cor.

Acredita-se que a Memória é um dos bens mais preciosos do ser humano. Na Idade Média, por exemplo, alguns autores colocaram a Memória como uma das “funções da alma”. Santo Agostinho (354-430), por sua vez, fundador da “Memória Medieval”, relatou que a memória “vive em um palácio”, e é como o ventre da alma, espécie de luz dos espaços temporais (COSTA, 2007). Já que este “dom da alma” não é uma dádiva de algumas pessoas, vou resgatar o passado brasileiro que muitos tentam esconder. O que as pessoas esquecem é que os alicerces deste Brasil varonil foram fundidos sobre o sangue de negros e, índios, muitos deles torturados e mortos. As casas dos nobres portugueses, fazendas e, até igrejas, só foram erguidos graças ao suor dos negros. Sem falar, é claro, da economia brasileira sustentada pelas mãos dos escravos, baseada na cana-de-açucar e na cafeicultura.

No entanto, os negros vivem como exilados sociais e sem o devido valor. Disseram-me, uma vez, que os negros carregam a imagem padrão de criminosos, rótulo este imposto por alguns aristocratas tupininiquins pós-modernos. Agora, me responda: o que é uma imagem padrão de criminoso? Creio haver uma distorção deste conceito. Então, ser negro é um crime? Mas, os pais que estrupam suas filhas, não são criminosos? Políticos que, explicitamente, desviam verbas da Saúde e da Educação e roubam dos bolsos de milhares de trabalhadores, também não são criminosos? E, os jovens que dirigem embreagados fazendo suas vítimas no trânsito, não são criminosos? A data, 20 de novembro, foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, líder do quilombo dos Palmares e um respeitado heroi do movimento de resistência.
Wellerson Cassimiro

10 de nov. de 2011

1º Concurso de Piano e Música de Câmara Eduardo Tagliatti

Acontece neste próximo final de semana (11, 12 e 13), às 20h, o 1º Concurso de Piano e Música de Câmara Eduardo Tagliatti, no teatro da Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora. O concurso contará com a presença de candidatos musicistas vindos de todo o país e, inclusive, do exterior. Além de divulgar e perpetuar o legado do pianista e compositor juiz-forano Eduardo Tagliatti, falecido em 2010, o evento idealizado pela pianista mineira, Daniele Espíndola, pretende despertar no público e participantes o interesse pela música dos séculos XX e XXI. O teatro da Sociedade Filarmônica está localizado na Rua Oscar Vidal, 134, no centro da cidade (http://www.concursoeduardotagliatti.com).

James McGranahan: um retorno à hinódia tradicional

Conhecido por sua voz de tenor e incentivado a seguir carreira no universo operístico, James McGranahan foi um exímio músico, cantor solista, regente e compositor. Nascido a 04 de julho de 1840, Pennsylvania, Estados Unidos, foi na composição de hinos, entretanto, que McGranahan teve um maior reconhecimento e sucesso. James foi integrante do movimento dos “Hinos Evangélicos”. E, seu trabalho musical fomentou uma reação de resgate da hinódia tradicional das igrejas.

A melodia “Far, Far Away”, associada ao poema “Quem Irá?”, revela um clássico hino missionário, que chegou ao Brasil através do hinário “Salmos e Hinos”, usado pela primeira vez em 17 de novembro de 1861, e organizado pelo casal Robert Reid Kalley e Sarah Poulton Kalley, fundadores da Igreja Evangélica Fluminense. A música de “Far, Far Away” mescla, constantemente, ritmos diferentes, porém, mantendo o mesmo andamento. Isto faz com que o canto congregacional se torne um pouco complexo, merecendo uma devida atenção pelo coro. Não obstante, a melodia de “None but Christ” (Salvação em Cristo) apresenta uma estrutura melódica mais simples, se comparada ao hino “Far, Far Away”. No entanto, mantém a principal característica de McGranahan que é a evangelização através da música.
Wellerson Cassimiro

7 de nov. de 2011

Juiz de Fora - Região Central


Avenida Getúlio Vargas esquina com Rua Espírito Santo. Centro.

4 de nov. de 2011

Um Réquiem em novembro

Segundo o calendário da Igreja Católica Romana, o último dia 02, celebrou-se a vida eterna das pessoas que já faleceram, um hábito que teve origem ainda no século 1º, quando os cristãos rezavam pelos falecidos. As pessoas costumavam visitar os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram sem martírio. Já no século IV encontramos os primeiros registros da “Memória dos Mortos” na celebração da missa. Entretanto, somente a partir do século XI, que o Papa Silvestre II (1009) incluiu oficialmente no calendário eclesiástico que a comunidade dedicasse um dia por ano aos mortos. O dia dos mortos é comemorado no dia 02 de novembro, devido ao dia 1º deste mês, no qual é celebrado a festa de "Todos os Santos". Igualmente, o universo musical erudito, em especial, na liturgia cristã, os mortos também são lembrados através de um gênero musical.

Dai-lhes o repouso eterno

Derivado da expressão em latim “requiem aeternam dona eis”, que significa "dai-lhes o repouso eterno", o Réquiem é uma missa solene cantada composta, exclusivamente, para um funeral. Era realizado na igreja após a chegada da procissão que trazia o corpo de casa do falecido, em meio aos cânticos de Salmos. O primeiro registro de um réquiem data do final do século XV, por volta de 1470, escrito por Johannes Ockeghem. Nascido na Bélgica, Ockeghem foi cantor e compositor ao serviço da corte francesa durante toda sua vida.

Um réquiem é estruturado em movimentos específicos, os quais são até mesmo desmembrados e interpretados, atualmente, de forma isolada. Entre estas partes encontram-se o Introitus formado pelo Réquiem e o Kyrie; Dies Irae, o Sanctus, o Benedictus, o Agnus Dei e o Recordare. Contudo, inserido somente a partir do século XIV, o movimento Dies Irae, que significa o Dia da Ira, merece uma devida atenção. Alguns compositores expressam toda a dramaticidade da obra neste movimento, utilizando a música e o texto de forma ímpar para comover as pessoas. Se compararmos aos movimentos de uma sinfonia, poderíamos dizer que o Dies Irae seria justamente o quarto movimento, por concentrar toda a evocação musical da peça.

Mais foi no Classicismo e, posteriormente, no Romantismo que este gênero musical ganhou forças. Os réquiens mais famosos foram compostos pelo austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (K.626); o alemão Johannes Brahms; o compositor do romantismo francês, Louis Hector Berlioz; e o compositor de óperas do período romântico italiano, Giuseppe Fortunino Francesco Verdi.

Estruturado em sete grandes partes, “Um Requiem Alemão” ,de Brahms, foi composto entre os anos de 1865 e 1868. Nacionalista fervoroso, Brahms foi um evangélico da Igreja Luterana, o qual exprimiu em sua obra toda a seriedade e firmeza da sua crença. Já o exaustivamente interpretado Réquiem K.626, de Mozart, atravessa gerações sustentado sobre a sombra de um mistério, que já foi revelado. A encomenda desta obra foi feita pelo músico amador, o Conde Franz von Walsegg, que alterava as composições de consagrados músicos e afirmava que as peças eram de sua autoria, executando-as em seu castelo, em concertos privados.

Um réquiem brasileiro

Entretanto, outras missas fúnebres merecem destaque, como o réquiem de Johann Adolph Hasse, que foi um compositor do período barroco; e a obra “Ofício dos Defuntos de 1816” (Officium 1816) do padre José Mauricio Nunes Garcia, compositor brasileiro de música sacra que viveu a transição entre o Brasil Colônia e o Brasil Império. No entanto, conhecido por sua exímia interpretação do Réquiem de Mozart, Nunes Garcia deu um outro formato à sua peça, a qual apresenta características que as demais obras deste estilo não possuem. O “Ofício 1816” tem uma estrutura melódica mais leve se comparado aos réquiens dos compositores europeus, em especial, as composições alemãs, conhecidas por sua densidade. O padre Mauricio Nunes Garcia é conhecido por sua exímia interpretação do Réquiem de Mozart.

Na verdade, a música erudita brasileira não viveu todos os períodos da música bem marcados, como vivenciou as composições musicais do velho continente. Mesmo que aparentassem estruturas europeias, as músicas brasileiras, por volta de 1800, já recebiam as influências da cultura índigena e africana. O que se percebe em algumas obras sacras do Brasil Colonial são elementos do barroco, do classicismo e até do romantismo em uma mesma peça, o que deu às nossas músicas uma característa singular. Wellerson Cassimiro

31 de out. de 2011

Marselhesa da Reforma de Lutero

Mais do que o Dia do Halloween, elemento cultural dos países anglo-saxônicos, ou Dia do Saci Pererê, personagem do folcore brasileiro, hoje comemora-se o Dia da Reforma Protestante, culminada no exato ano de 1517, no dia 31 de outubro. Fomentada pelo padre alemão e professor de teologia, Martinho Lutero, o movimento religioso abriu caminho para os questionamentos quanto à postura da igreja católica. Assim, poeta e músico, Lutero sempre esteve sensível à atividade musical da nova Igreja que surgiu. No início do século XVI, as músicas para o serviço litúrgico eram polifônicas: possuíam mais de uma melodia, cantadas e executadas ao mesmo tempo, resultando em uma vasta complexidade. Além desse fato, o acesso ao universo musical era restrito aos altos membros da igreja e da monarquia. Poucas pessoas cantavam e, muito menos, executavam algum instrumento. Martinho, portanto, achou que as pessoas deveriam cantar algo mais simples, de fácil acesso e melodias menos complexas instituindo, desse modo, o estilo canto coral. Também conhecido como canto congregacional, este estilo é constituído de uma melodia, harmonizada para quatro vozes (baixo, tenor, contralto e soprano).

Lutero compôs diversos hinos. Dentre eles, a famosa música “Castelo Forte é o nosso Deus” (Ein' feste Burg ist unser Gott), e considerado pelo poeta romântico Heinrich Heine, como a “Marselhesa da Reforma”. Alguns estudiosos afirmam que seria incabível uma celebração em comemoração à Reforma Protestante sem ao menos entoar esta melodia. Ao longo da história da música, alguns compositores eruditos deram um tratamento especial a esta melodia luterana. Destacam-se o virtuose organista barroco alemão, Johann Sebastian Bach, com a cantata BWV 80 (Ein' feste Burg ist unser Gott), e o pianista alemão, do período romântico, Felix Mendelsshon-Bartholdy, com a Sinfonia da Reforma. Wellerson Cassimiro

29 de out. de 2011

O poeta foi visto por um rio, por uma árvore, por uma estrada...



"O poeta foi visto por um rio,
por uma árvore,
por uma estrada..."

Mário Quintana

26 de out. de 2011

Do popular ao erudito

A origem popular das valsas e a sua consagração no universo erudito

Muito popular a partir do século XVIII, a Valsa é um gênero musical de origem alemã, escrito sob o compasso ternário, o qual apresenta uma repetição de estrutura melódica de oito em oito compassos. E, apesar de seu começo humilde e simplório, a valsa conquistou facilmente a elite europeia, e invadiu os salões mais nobres de concertos. Em alguns países do velho continente, este gênero uniu-se aos símbolos políticos nacionais e, hoje, representa uma nação como, por exemplo, a Áustria.

Composta pelo vienense Johann Strauss I, e muito executada nas comemorações de aniversário de 15 anos, a valsa “Danúbio Azul” é uma peça escrita para orquestra e teve sua estreia no dia 15 de fevereira de 1867. E sob o seu movimento “Allegro”, de imediato a música de Strauss criou uma identificação mais intensa com os austríacos, do que o próprio hino nacional do país. Originalmente, a peça foi batizada de “An der schönen blauen Donau” (No Belo Danúbio Azul). No Brasil, entretanto, esta dança de pares ficou, simplesmente, conhecida como “Danúbio Azul”.

Contudo, a lista de composições deste gênero não é pequena. Entre as mais famosas valsas estão a “Valsa das Flores”, do compositor russo Piotr Ilich Tchaikovsky; a “Valsa do Imperador”, também de Johann Strauss I e a “Valsa da Despedida” (My heart's In The Highland), do músico e poeta britânico Robert Burns. Também conhecido sob o nome de Rabbie Burns, o músico britâncio nasceu a 25 de janeiro de 1759, dois anos depois do austríaco Wolfgang Amadeus Mozart. Burns escreveu poemas, que além da espontaneidade, uniam o romantismo e a comédia. Cerca de 559 poemas e canções configuram a obra de Robert Burns e, a sua “Valsa da Despedida” revela simplicidade e leveza melódica, a qual recebeu uma versão em português feita por Alberto Ribeiro e Braguinha.

Apesar da sua popularidade consolidada no auge do classicismo, somente a partir do início do período romântico, que a valsa adquiriu o seu grande impulso. Não obstante, no século XX, ela passou a integrar parte de obras completas, como em suites e óperas, ou como peças independentes. Vários compositores enveredaram-se no universo deste gênero. Destacam-se os pianistas Franz Schubert e Fréderic Chopin; o pop star da música erudita, Franz Liszt; o compositor alemão Johannes Brahms; os impressionistas Claude Debussy e Maurice Ravel; o compositor russo, Dmitri Shostakovich, e um dos compositores mais significantes da Era Romântica da música, o duque Carl Maria von Weber.
Wellerson Cassimiro

24 de out. de 2011

Incêndio de grandes proporções consome lojas no centro de Juiz de Fora

Jornal Estado de Minas: Três pessoas foram intoxicadas pela fumaça e tiveram de ser atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)



Um incêndio de grandes proporções consome lojas desde o fim da tarde no Centro de Juiz de Fora, na Região da Zona da Mata Mineira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, três pessoas foram atendidas com intoxicação por causa da fumaça. As primeiras informações eram de que o fogo havia atingido três lojas, mas foi confirmado que chamas já chegaram a pelo menos cinco estabelecimentos, fazendo com que o teto de um deles desabasse. No momento, os bombeiros lutam para evitar que a chama se espalhe por um prédio de oito andares, vizinho às lojas.

Segundo os Bombeiros, o incêndio começou em uma loja que vende material para festas infantis, localizada na Rua Floriano Peixoto. As chamas começaram por volta das 17h e se espalharam para uma loja de instrumentos musicais e outra de material de construção. A rua foi interditada entre as avenidas Rio Branco e Getúlio Vargas. A fumaça provocada pelo incêndio pode ser vista de vários pontos da cidade, que teve o fornecimento de energia elétrica interrompido para o trabalho dos Bombeiros.

20 de out. de 2011

Juiz de Fora


Avenida Barão do Rio Branco e Avenida Francisco Bernardino - Mergulhão

14 de out. de 2011

A música tema do romance de Romeu e Julieta

O romance trágico dos jovens Romeu e Julieta já inspirou cerca de 24 óperas e montagens. Uma das versões mais antigas, entitulada “Romeo und Julie”, data de 1776. Escrita pelo britânico William Shakespeare, a trama conta uma conflituosa história de amor, envolvendo um casal de jovens apaixonados. Porém, eles são proibidos de viverem este amor, devido à rivalidade de suas famílias: os Capuletos e os Montecchios.

As músicas que simbolizam este amor são inúmeras. Entretanto, acredito que a versão, popularmente, conhecida é a melodia do italiano Giovanni Rota Rinaldi (Nino Rota). Mais conhecido por suas composições para o cinema, Nino Rota nasceu em Milão, a 3 de Dezembro de 1911. Sua canção, tema do romance do jovem casal, começa em suaves arpejos, sob um andamento lento. A intenção da peça é transmitir uma certa tristeza e para isto, os dons menores que se estendem por toda a melodia dão conta do recado.

A obra segue um padrão comum de composição muito usada, especialmente, no classicismo (meados do Séc. XVIII). A melodia começa com a apresentação do tema e, desenvolve-se este tema. Depois, há uma fuga do tema, o que resulta no clímax da música e, antes de encerrar, retorna ao tema. A fuga do tema, no caso desta canção, ocorre em um estado festivo simbolizando, desse modo, o amor que Romeu e Julieta sentem um pelo outro. Contudo, ao retornar para o tema, o espírito surgerido é de angústia, pois o casal não experimenta, por completo, este amor. Wellerson Cassimiro

8 de out. de 2011

Rei Lear: loucura, poder e vingança

Salão nobre do palácio do rei Lear. Entram Kent, Gloucester e Edmundo. “Pensei que o rei preferisse o Duque de Albânia ao Duque de Cornualha”, diz Kent. Imediatamente, responde Gloucester. “Também sempre pensamos assim, nós todos; mas agora, na partilha do reino, é impossível saber qual dos dois ele mais estima. A divisão esta tão perfeita que aquele que escolher primeiro não terá maneira de escolher melhor”. Este é o diálogo inicial da tragédia teatral "Rei Lear", de William Shakespeare, considerada uma de suas obras-primas. Escrita no início do século XVII, a peça foi encenada pela primeira vez perante a corte inglesa no dia 26 de dezembro de 1606. Shakespeare é conhecido por seu caráter atemporal. Ele escreveu poemas para todas as épocas, pois, suas obras refletem a natureza humana. Na drama de “Rei Lear”, por exemplo, estão em destaque o poder, a vingança e traição, caraterísticas do ser humano bem presentes nos dias atuais, tanto na vida amorosa quanto no meio profissional. Wellerson Cassimiro

3 de out. de 2011

O oratório de Haydn e o hino Exaltação

O oratório “A Criação” é para muitos a mais expressiva obra de Franz Joseph Haydn. Especula-se que ele foi inspirado a escrever esta peça sacra durante suas visitas à Inglaterra entre os anos de 1791 e 1795, quando ele ouviu os oratórios de Handel executados com grande primor. O trabalho de Haydn abrange todos os gêneros musicais de seu tempo. Entretanto, escrito em 1797, “A Criação” teve um merecido destaque na vida do compositor. É a peça com a qual Haydn debruçou-se por mais tempo, algo incomum na história de um dos mais importantes nomes do período clássico. A Criação retrata a formação do mundo, tal como descrito no livro de Gênesis.

A Criação. Um Hino.

Nascido na cidade de Rohrau, Áustria, em 31 de março de 1732, Haydn escreveu inúmeras obras sacras. Destacam-se Missas, Ofertórios, “Te Deum”, “As Sete Palavras de Cristo”, obras corais menores, Motetos, Litanias, árias religiosas e oratórios, como “O Retorno de Tobias”, “As Estações” e “A Criação”, que deu origem ao hino Exaltação, incluído no Hinário Novo Cântico (Nº36). Constituído de duas estrofes e um refrão, o hino Exaltação (no original Creation) revela uma sinceridade religosa das mais emocionantes. Sua estrutura melódica ao mesmo tempo em que apresenta uma dramaticidade instrumental, típica dos poemas sinfônicos dos compositores do romantismo, mostra suavidade em algumas passagens, sem acidentes ou modulações. Contudo, para o canto congregacional sua música merece uma devida atenção.

Franz Joseph Haydn inicou sua carreira musical aos oito anos de idade como cantor e executante de diversos instrumentos. Em seus primeiros estudos foi, fortemente, influenciado pela obra de Carl Philipp Emanuel Bach, segundo filho do virtuose organista barroco Johann Sebastian Bach e, considerado o fundador e precursor do estilo clássico. Haydn faleceu em casa no ano de 1809, aos 77 anos, durante um violento bombardeio, às vésperas da tomada da cidade de Viena pelo exército de Napoleão Bonaparte. Wellerson Cassimiro

30 de set. de 2011

A Flauta Mágica

220 anos da ópera mais popular de Mozart



Hoje completam-se 220 anos da estreia da ópera “A Flauta Mágica” (K.620), escrita em dois atos pelo compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, e que já ganhou inúmeras montagens, das mais tradicionais às mais futurísticas. Até hoje, a sua música de abertura, com os três fortes acordes no primeiro compasso, é considerada por muitos musicólogos como a melhor abertura de óperas. No entanto, outras árias também chamam atenção como, a ária do dueto do caçador de pássaros Papageno e sua amada Papagena.

A primeira apresentação da ópera aconteceu na cidade de Viena, em 30 de setembro de 1791, no Theater Auf der Wieden. Infelizmente, precocemente, Mozart morreu três meses depois da estreia de sua obra. Acredito que a primeira ideia (como um rascunho) de “A Flauta Mágica” surgiu em 30 de agosto de 1773, quando o jovem pianista, aos 17 anos, foi apresentado ao amigo do poeta Von Gebler, que lhe mostra o libreto de um drama sob o nome de “Thamos, Rei do Egito”. As semelhanças entre ambas as obras são curiosas. Na história de Von Gebler, o Grão-Mestre dos iniciados se chama Sethos e venera o sol, expressão mais visível do poder criador. A sacerdotisa do astro do dia, sua filha, havia sido raptada. Apaixonado por ela, o príncipe Thamos deveria arrancá-la dos demônios das trevas, decididos a destruir os iniciados. Quando ocorresse o casamento do príncipe com a sacerdotisa, a Luz triunfaria. Observa-se as semelhanças entre Sethos, Sacerdotisa e Príncipe Thamos com os personagens de A Flauta Mágica: Sarastro, Pamina e Príncipe Tamino, respectivamente.

As Rainhas da Noite de Wolfgang

Entretanto, é impossível falar desta ópera sem ao menos citar a ária que a deixou popular. Vingativa e manipuladora a personagem Rainha da Noite se destaca pelo temperamento forte que marca presença em qualquer apresentação. Esta ária é conhecida por ser um trecho que exige um bom desempenho, tanto do soprano quanto da orquestra. Além do domínio da técnica vocal, as cantoras líricas precisam dominar, e com maestria, a interpretação. Desde 1791, a Rainha da Noite já foi interpretada por talentosos sopranos como, Jana Sibera, Erika Miklosa, Gruberova, Luciana Serra e Diana Damrau (Foto ao lado, montagem da obra em 27 de janeiro de 2003, na Ópera Real do Covent Garden. Coro e orquestra sob a regência de Sir Colin Davis).

Com o libreto alemão de Emanuel Schikaneder, “A Flauta Mágica” é a ópera maçônica de Mozart. A obra está repleta de simbologia, a começar pela música da abertura. Schikaneder era companheiro de loja maçônica de Mozart. À época, por influência da Revolução Francesa, a maçonaria adquiria simpatizantes ao mesmo tempo que era perseguida. Em um breve resumo, a ópera mostra a filosofia do Iluminismo. Os conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa transparecem em vários momentos na obra, por exemplo, quando o caráter de Tamino é questionado por ser um príncipe, e que por tal motivo talvez não conseguisse suportar as duras provas exigidas para entrar no templo de Sarastro. Em sua defesa, Sarastro responde: "mais que um príncipe, é uma pessoa".

O jovem prodígio

Nascido em Salzburgo, na Áustria, em 27 de janeiro de 1756, Mozart recebeu o nome completo de Johannes Chrisostomus Wolfgang Theophilus Mozart. Contudo, posteriormente, ele trocou o prenome Theophilus por Amadeus, que significa “Amado de Deus”. Aos cinco anos de idade, Mozart aprendeu a tocar cravo antes mesmo de aprender a ler e escrever. E, muito novo, começou a compôr. Aos oitos anos, na cidade de Versalhes, deu o seu primeiro passo oficial de compositor com duas sonatas para cravo com acompanhamento de violino, dedicadas à princesa Vitória, filha de Luís XV. Não obstante, escreveu outras duas sonatas para a Condessa de Tessé. Sua relação com o compositor da corte de Viena, Antonio Salieri, um dos mais bem-sucedidos autores de ópera do final do século XVIII, na Europa, ainda é um mistério e muito discutido. Wellerson Cassimiro

26 de set. de 2011

Das quiálteras de Bach aos legatos de Ice MC

Década de 1990 e os famosos bailes de matinês estão lotados. A moda entre os adolescentes é fazer os “passinhos” eternizados pela House Music. De repente, uma pausa, um grito e um leve solo de piano. Em seguida, um potente som de órgão de tubos espalha pelo ar denso pela fumaça de efeitos e, dita o ritmo da batida. Ahn... como? Órgão?

É sim. Historicamente, associado aos serviços da igreja, a arte organística sempre ocupou lugar de destaque nas músicas sacras. Nos concertos, do período barroco, o órgão e cravo desempenhavam a função do baixo contínuo. Atualmente, suas versões mais modernas como, os órgãos positivos, eletrônicos e sampliados continuam como os preferidos no acompanhamento do momento litúrgico das igrejas mais tradicionais.

Saindo da igreja

Entretanto, no auge do Eurodance, três séculos após o fim do estilo barroco, o órgão saiu da igreja e invadiu as pistas de dança. Ou pelo menos o seu som. Foi o que fez o cantor britânico Ian Campbell (Ice MC), ao inserir notas em legato com som de órgão ao longo de toda a canção pop “É um dia chuvoso” (It's a Rainy Day). A melodia deste arranjo ainda vinha acompanhada de cinco acordes finais, crescentes, anunciando o vocal masculino.

Gravada e lançada no ano de 1994, “É um dia chuvoso” fez grande sucesso nas baladas jovens nos anos 90, alcançando o Top 10 na França e na Holanda, e foi o hit Top 15 na Áustria, Suíça e Alemanha. Nos vocais, o britânico contou com a participação da cantora Alexia. Também conhecido como Eurohouse ou Eurotechno, este gênero musical foi uma das ramificações da música eletrônica, que se originou no final dos anos 80 e se consolidou no início dos anos 90, especialmente, na Europa. A sua forte característica é a utilização de vocais melódicos, combinado com tecnologia de sintetizadores. Wellerson Cassimiro

21 de set. de 2011

Uma mulher ao piano

Amiúde, as tradicionais literaturas sobre música erudita apresentam poucas informações, ou quase nada, sobre a atuação das mulheres no universo musical erudito. Entretanto, os registros menos convencionais revelam excelentes compositoras que merecem o mesmo destaque, ao lado de Beethoven, Ernesto Nazaré ou Haydn.

Exímia compositora e virtuosa pianista do período romântico, Louise Farrenc nasceu em 31 de maio de 1804, e desfrutou de uma reputação considerável durante a sua vida, como compositora, intérprete e professora. Ela iniciou seus estudos de piano ainda na infância, com os mestres Ignaz Moscheles e Johann Nepomuk Hummel, período no qual deve seu talento de compositora revelado. Na década de 1840, a fama da pianista era tal que, foi nomeada para o cargo permanente de professora de piano no Conservatório de Paris, cargo que ocupou durante 30 anos. Apesar de Farrenc permanecer entre os mais prestigiados professores de música da Europa, ela recebia um salário menor do que seus colegas homens.

Virtuosidade nos saraus

Suas composições revelam estruturas melódicas e técnicas bem peculiares, as quais lembram algumas peças de Robert Schumann, além de possuírem uma leveza, parecidas com as músicas executadas nos salões de festas e saraus, do início do século XIX. Entre elas a “Valsa Brilhante Op.48 - Allegro Vivo”, “Air Russe Varie Op.17” e a peça “Etude Nº19 Presto em Si Menor”. Wellerson Cassimiro

Juiz de Fora - Mergulhão


Avenida Barão do Rio Branco

19 de set. de 2011

A métrica irregular de William Jackson

Texto atribuído ao bispo Nicetas de Remesiana, século IV, atual Bela Palanka no Distrito Pirot da moderna Sérvia, o hino “Glorificação à Trindade” (Te Deum Laudamus) é dividido em três partes: louvor, declaração e oração. Nicetas dedicou boa parte de seu sacerdócio à música sacra para uso durante a adoração eucarística e compôs uma série de hinos litúrgicos. A música de “Te Deum Laudamus” foi composta pelo inglês William Jackson (1730-1803). Além de possuir uma métrica irregular e uma estrutura melódica bastante diversificada, a obra é complexa tanto para quem canta, quanto para quem toca, o que resulta em um canto congregacional um tanto que delicado. A melodia alterna graves e agudos. Os acidentes e as modulações são constantes.

Vida e Obra

Ainda na infância, William Jackson revelou forte predileção pela área musical. Recebeu as primeiras aulas do organista da Catedral de Exeter, Reino Unido, com quem permaneceu cerca de dois anos. Em 1748, William foi para Londres, onde estudou com o organista da King's Capela, John Travers. Ao retornar para Exeter, ele se estabeleceu como professor e compositor.

Em 1755, o músico inglês publicou seu primeiro trabalho como compositor, cerca de 12 canções, que não tiveram êxito. Já sua terceira obra, um conjunto de cânticos para três vozes, precedido de uma invocação, com um acompanhamento, o colocou entre os primeiros compositores de seu tempo. William compôs uma série conjuntos de doze canções, alguns escassos e outros esquecidos. Em 1777, foi nomeado mestre do coro da catedral. E, entre suas obras estão uma Ode a Fantasia, hinos para o serviço litúrgico, canzonetas para duas vozes e sonatas para o cravo. Wellerson Cassimiro

16 de set. de 2011

O Bel Canto de Maria Callas

Trinta e quatro anos sem Callas

Hoje completam-se 34 anos da morte de um dos maiores nomes do universo erudito. Considerada uma celebridade da ópera, a cantora lírica norte-americana Maria Callas ainda é reconhecida como a maior soprano de todos os tempos. Callas começou a despontar como cantora lírica, em 1948, com uma interpretação surpreendente para a protagonista da ópera Norma, do italiano Vincenzo Bellini.

Sua carreira só alcançou o merecido sucesso, no entanto, em 1949, quando alternou na mesma semana récitas de “I Puritani”, também de Bellini, e “Die Walküre”, de Wagner; deixando a crítica e o público perplexos, pois ambas as obras revelam personagens de densas performances resultando em uma complexa interpretação vocal.

Uma Callas para Una Voce Poco Fa

Destaco, ainda, a sua interpretação calorosa, em Paris (1958), de “Una Voce Poco Fa”, da ária de Rosina, na ópera “O Barbeiro de Sevilha”, de Gioacchino Rossini. Era incrível a capacidade de Callas em alcançar as notas mais agudas, sustentando-as por um longos períodos e, mantendo uma suavidade vocal aveludada. Esta característica peculiar permitiu à ela assumir personagens desde o alcance do mezzo-soprano até o do soprano coloratura. Ainda, sob a peça “Una Voce Poco Fa”, somente a mezzo-soprano Cecilia Bartoli (1988) conseguiu se aproximar da face interpretativa de Callas.

A cantora de descendência grega nasceu em Nova Iorque, em 02 de dezembro de 1923 e foi a principal representante do chamado Bel Canto; uma tradição vocal, técnica e interpretativa das óperas italianas, a qual originou no fim do século XVII e alcançou seu auge no início do século XIX. Maria Callas morreu em Paris, em 16 de setembro de 1977, de um ataque cardíaco, antes de completar 54 anos. Wellerson Cassimiro

14 de set. de 2011

17º Festival Internacional de Coros (FESTCOROS)

Depois de 14 dias intensos de seminários, workshop e concertos de música colonial brasileira e música antiga, Juiz de Fora vai sediar mais um evento musical de qualidade. Serão cinco dias de obras corais. Começa na próxima segunda-feira (19), o 17º Festival Internacional de Coros (FESTCOROS), considerado o maior evento da música coral no Brasil.

Realizado anualmente no mês de setembro em Juiz de Fora, o FESTCOROS reúne corais internacionais da Itália, Portugal, Japão, Estados Unidos, Eslováquia, Lituânia, Egito, Chipre, Argentina e corais nacionais do Distrito Federal e dos demais Estados brasileiros.

As entradas para as apresentações são gratuitas e os concertos são abertos à participação de grupos corais de todos os gêneros, entre eles; corais religiosos, coros de empresas e de órgãos públicos. O concerto de abertura será às 20h, no Cine-Theatro Central, com a presença do Coro Municipal Juiz de Fora, Coral Angeli Coeli, Coral do Colégio Jesuítas, Meninas Cantoras do Colégio Santa Catarina, Coral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Coral Mater Verbi e o Coral Pró-Música.

O destaque é a participação do Coro Le Maestà (Itália) e o Coro del Terciário del Colégio Normal (Argentina). O evento vai até o dia 24 de setembro. Você pode conferir os locais e horários dos concertos no site – http://www.festcoros.com.br. Wellerson Cassimiro

7 de set. de 2011

Por nossa Pátria

Melodia forte e sempre crescente. Exalta a nação e clama por proteção para a pátria. Não estou falando do Hino Nacional Brasileiro. Estas são as principais características do hino “Oração pela Pátria” (no original Commonwealth) escrito, em 1887, para o canto congregacional, a quatro vozes, pelo inglês Josiah Booth.

A música deste hino é dividida em duas partes. A primeira, segue na tonalidade de Sol maior e de forma andante. De repente, ocorre uma modulação anunciando o início da segunda parte da obra, resultando em uma súbita mudança de clima. Os acordes parecem que explodem no ar. A tonalidade, agora, é Mi maior. O andamento, entretanto, continua o mesmo. Executada em órgão, a nota dó pressa, propositalmente, na pedaleira, ainda na primeira parte da peça, oferece um conceito de eternidade.

Conhecido por ser autoditada, Booth nasceu em Coventry, em 1852, e foi organista da Capela Wesleyan, em Banbury. Alguns anos depois, foi para a Royal Academy of Music, e tornou-se organista oficial da Park Chapel, em Londres, cargo que exerceu durante quarenta e um anos. Participou da edição dos hinários “Congregational Chant Hymnary”, em 1886, e “Congregational Hymnary”, em 1916. Dois anos após esta última edição de hinário, Booth se aposentou e faleceu 1930. Wellerson Cassimiro

Juiz de Fora

6 de set. de 2011

11 de setembro: A tipificação dos Santos e Profanos



Mais uma vez, o tão falado 11 de setembro volta a ser pauta nos diversos meios de comunicação. Do impresso à mídia digital. Só que dessa vez, com a desculpa de aniversário de 10 anos do atentado às torres gêmeas do World Trade Center (WTC). A grande mídia, elitizada, lança mão das reportagens - “novelísticas” - sustentadas sobre as lágrimas daqueles que perderam amigos ou parentes e, enraízadas nas memórias daqueles que sobreviveram ao suposto ataque terrorista. As mesmas incansáveis cenas dos aviões colidindo com os edifícios já povoam televisão, internet e jornais. Se o rádio tivesse o poder da imagem, ali também estariam as torres em chamas e pessoas chorando. A palavra de ordem é dramatizar para comover.

O que estas atuais reportagens, dignas de um Oscar de melhor drama, não mencionam é a série de informações descontradas, desmentidas e mentiras mal disfarçadas que até hoje envolvem o governo de George W. Bush, eleito de forma duvidosa sobre o candidato Al Gore, sem os votos dos 16 mil afro-americanos, do Condado de Durval; os acontecimentos pós-atentado ao edifício do World Trade Center e a guerra do Afeganistão e Iraque. Não questionam a forma pela qual pessoas de origem sauditas foram presas sem qualquer acusação. Bastasse ter semelhanças físicas árabes e já ganhava-se um passaporte para a prisão. Pareceu-me mais como um caça às bruxas, como na peça teatral “As Bruxas de Salém”, de Arthur Miller, escrita em 1953, contrapondo ao macartismo, período no qual o governo norte-americano passou a perseguir pessoas acusadas de comunistas, protagonizadas pelo senador Joseph McCarthy.

O que se percebeu, em 2001 e nos meses seguintes, foram imagens de luzes esverdeadas caindo sobre Bagdá. Jornalistas foram censurados, impedidos de acessos e confundidos. E, dez anos depois, ainda não se sabe o número exato de vítimas. Outro fato, talvez, esquecido pela imprensa e, no mínimo curioso, é a suposta morte de Osama Bin Laden, o qual teve seu corpo sepultado no mar segundo tradições religiosas. Atitude suspeita, não!?

Caçado desde o dia seguinte ao atentado, Bin Laden seria como um troféu para os norte-americanos. Sabe-se que os Estados Unidos nunca respeitaram a religiosidade do povo muçulmano. Na ignorante guerra de retaliação, soldados norte-americanos destruiram mesquitas sob a alegação de que, estes templos estariam servindo de abrigo para terroristas. Informação jamais confirmada. E, como em um passe de mágica, o comando militar dos EUA passa a compreender os rituais desta religião. Daí por diante, as contradições explodem no ar, como fogos de artifícios na noite de 4 de julho.

Em 19 de abril de 2002, aviões norte-americanos bombardearam tropas canadenses. Quatro soldados morreram e oito ficaram feridos. Os canadenses estavam fazendo exercícios militares em solo quando foram atacados, confundidos com talibãs. Um mês depois, o mesmo exército anunciou que um bombardeio realizado no dia 18 de maio havia matado dez terroristas islâmicos. No entanto, segundo informações de uma agência de notícias afegã, o ataque aconteceu sobre um grupo que participava de uma festa de casamento. Obviamente, informação desmentida pelo governo de Bush.

Em 2 de julho, os soldados do Tio Sam protagonizaram outro equívoco. Aviões e helicópteros bombardearam outra festa de casamento. Desta vez, na vila de Kakarak, trezentos quilômetros a sudoeste de Cabul. Testemunhas disseram que pelo menos 120 pessoas morreram, a maioria mulheres e crianças. E, mais uma vez, as informações foram negadas pelo alto comando do exército americano.

Creio que o mais surpreendente de toda esta história, transformada em novela, é o fato de que o comando militar dos Estados Unidos, com medo de pisar em solo afegão, ofereceu incentivos às forças militares locais para quem tomasse a dianteira e se empenhasse na tarefa de caçar Bin Laden nas cavernas das montanhas do Afeganistão. Os incentivos eram dinheiro, armas e roupas de inverno para que os afegãos lutassem em seu lugar. Que decepção, hein!? E, olha que o cinema norte-americano sempre exalta seu exército “beatificando” seus bravos soldados, destemidos, capazes de combater qualquer tipo de inimigo. Desde terroristas em trens e aviões até alienígenas, além de salvar o Planeta Terra, como se fosse um favor, do impacto com imensos asteróides.

Se no próximo domingo, 11 de setembro, vamos acender velas e fazer um minuto de silêncio, ou até dois, em memória dos mortos nas torres gêmeas, creio que devemos lembrar também dos civis afegãos mortos na guerra de retaliação. Mulheres, crianças e pais de famílias mortos em nome de uma ideologia de olho-por-olho e dente-por-dente. O que difere as pessoas mortas no atentado, das pessoas mortas em solo afegão? Ah... sim, claro. As vítimas do WTC não tinham em suas testas o rotúlo pejorativo, de origem ocidental e capitalista de: terroristas. As demais diferenças que pesaram na decisão de iniciar uma resposta militar foram, meramente, étnicos-religiosos. Nesta disputa pelo poder econômico mundial basta saber enxergar os santos e os profanos. Ah... já ia me esquecendo. Uma pesquisa revelou que o Afeganistão pode ter um campo com reservas de 1,8 bilhão de barris de petróleo no norte do país. Assim, qualquer relação do governo norte-americano e o petróleo saudita... é mera e a mais simples coincidência. Já até escrevi minha carta para o papai Noel.
Wellerson Cassimiro

31 de ago. de 2011

A Roda da Fortuna

O capitalismo possui e esconde a sua dupla face. Escritos por monges e eruditos errantes, a Cantata Carmina Burana é uma coleção de 200 poemas encontrados em um pergaminho, no ano de 1803, na biblioteca de um antigo mosteiro, na Baviera Superior. Estes textos já revelavam o cruel sistema sócio-econômico mundial adotado pelos países ocidentais, simbolizado por um elemento da antiguidade: a Roda da Fortuna.

Considerada uma das obras-mestres do século XX, Carmina Burana descreve o capitalismo ora como algo sacro e, ora como monstro usurpador. Ele dá e tira. Emerge na forma de uma roda volúvel que, está em eterno movimento. Relata as bênçãos e as maldições provindas da Fortuna; a imperatriz do mundo. Em seus primeiros versos, os monges escrevem: “Ó Fortuna és como a Lua mutável, sempre aumentas e diminuis; a detestável vida, ora escurece e ora clareia por brincadeira a mente; miséria, poder, ela os funde como gelo”. Ainda que em tempos remotos, estes eruditos pareciam revelar a futura estrutura econômica das sociedades do terceiro milênio.Nestes atuais grupos sociais, o dinheiro é líquido e instável. Ora se ganha. Ora se perde. Por vezes, parece abstrato e invisível. Ao mesmo tempo, que equilibra, se torna irregular. Aqueles que, hoje, exaltam sua felicidade sobre seus capitais, amanhã podem chorar ao ver sua virtude econômica esmorecer, atingida por uma forte mudança no mercado financeiro. O capitalismo se mostra como um grande carrasco, escravizando até mesmo os mais fortes.Nos momentos de bem-aventuranças, a prosperidade reina absoluta. Sorte e virtudes estão sobre a sociedade que, se senta no trono da Fortuna.

E, muitos investimentos são feitos, negócios empresariais são fechados e contratos são assinados. O consumo exacerbado é inevitável. Compram-se grandes casas, os carros populares dão lugar aos luxuosos automóveis e, se testemunha uma corrida veloz aos templos do consumo. Adquire-se um pouco de tudo. Até mesmo, algo que será de irrelevância utilidade. Os produtos importados multiplicam-se nas prateleiras exterminando os produtos nacionais e, as viagens ao exterior tornam-se rotineiras. Contudo, a roda da Fortuna está em movimento. E gira, impiedosamente. Despreparada, a sociedade desce desolada, chorando as chagas deixadas pela Fortuna.Os empréstimos e as dívidas se alastram no meio do empresariado. A fantasia dos longos prazos e crediários ilude os mais fracos. Em casos extremos, as pesadas portas das empresas são fechadas.

Outrora, o trabalho é açoitado, restando ao homem um último sopro de vida do seu seguro desemprego. O consumo excessivo sai de cena e a palavra de ordem é economizar, preocupando-se em comprar somente o básico. Os números registrados pelas modernas máquinas do caixa parecem saltar aos olhos do mais simples ser humano. E, assim, a cruel roda do capitalismo, da Fortuna, da Imperatriz do mundo; continua girando, sem interromper o seu movimento, o seu ciclo vicioso e extasiante, proporcionando sorte e azar. Wellerson Cassimiro

22 de ago. de 2011

O sucesso Harry Potter na páginas da Impacto World

Lançada na noite de ontem (21), em Juiz de Fora, a 45ª edição da revista Impacto World (IW) faz uma surpreendente análise da saga do jovem bruxo Harry Potter. Segundo o Dr. Ted Baehr, presidente da Comissão Cristã de Filme e Televisão nos Estados Unidos, o longa norte-americano oferece ao público - em especial para os evangélicos - alguns perigos com conteúdo sobre ocultismo, bruxaria e falsas doutrinas.

O que deu para perceber durante os 10 anos da saga foi uma perda da identidade de crianças e adolescentes ao assumirem a imagem do bruxinho. Despreparados e influenciáveis, eles desejavam ter os mesmos amigos de Potter, viverem em um conto de fadas sombrio e, claro, possuirem uma varinha mágica. Ao frequentar áreas de recreação infantil ou escolas, não foi difícil ouvir crianças pronunciando algumas palavras “mágicas” ditas pelo jovem bruxo. E, recorrendo aos estudos de Semiótica de Pierce, crianças e adolescentes desatentos não conseguem visualizar as perigosas mensagens implícitas nestes tipos de filmes. A adolescência é uma importante fase na vida de qualquer ser humano, conhecida como uma etapa de transição.

Segundo Carvalho (2003), o termo adolescência significa crescer, desenvolver, tornar-se jovem. É durante a adolescência que se processam grandes mudanças que irão definir a vida adulta. No trabalho de pós-graduação, “O Adolescente e o Herói Harry Potter: um estudo sobre identidade e formação de leitor”, Clarita Maria Torquato afirma que esta fase transitória é caracterizada por fatores marcantes, como as chamadas crises de identidade, o início da escolha profissional, a constante busca por independência, pelo ingresso na vida sexual, pelos comuns conflitos familiares e de caráter emocional. Desse modo, influenciados, estes jovens são presas fáceis às ideologias religiosas ocultas. Wellerson Cassimiro

11 de ago. de 2011

A origem da arte hinística

Saltério de Genebra. Este foi o nome dado a um dos primeiros hinários usados pelas recém organizadas igrejas protestantes europeias, em 1517. Inicialmente, reuniu diversos Salmos que foram musicados. E, no decorrer dos anos sofreu inúmeras alterações. Já em 1539, aconteceu a sua primeira edição, que continha 22 Salmos e o Credo Apostólico com música. Três anos depois, um novo livro de Salmos foi publicado com a inclusão de novas melodias. Entretanto, só em 1562, o Saltério ficou completo com versões rimadas de todos os 150 Salmos, tendo algumas das canções anteriores substituídas.

Em seu artigo, “A Música na Liturgia de Calvino em Genebra”, Jouberto Heringer da Silva afirma que a música sempre fez parte do culto ao Senhor e que o uso de Salmos foi estabelecido por Davi. Heringer ressalta, ainda, que os serviços litúrgicos começavam com a chegada da Arca da Aliança ao tabernacúlo (I Cr. 16.4) e, segundo ele, o livro de Salmos é o hinário mais antigo que se conhece.

A ideia de se cantar em coro surgiu antes mesmo da Reforma Protestante. Sabe-se que a arte da música era dominada por um grupo seleto de pessoas, em geral ligadas ao alto clero e, não por toda a igreja; formada em sua maioria por camponeses. Pessoas humildes renegadas a qualquer tipo de instrução referente à educação. No entanto, Martinho Lutero e João Calvino, agentes precursores da Reforma, entenderam que toda a congregação deveria participar do louvor e culto a Deus. Na obra “Institutas da Religião Cristã”, livro introdutório sobre a fé protestante, de 1536, Calvino afirmou que é “uma coisa mais conveniente para a edificação de uma igreja cantar alguns salmos, na forma de orações públicas”. E no prefácio do mais novo hinário, edição de 1542, Calvino escreve: “Nós sabemos por experiência que o canto tem grande força e vigor para mover e inflamar os corações dos homens, a fim de invocar e louvar a Deus com um mais veemente e ardente zelo.” Em outra definição, o canto que ocorre em toda a música religiosa; seja este à capella ou com acompanhamento instrumental contribui, relevantemente, para a vida espiritual da igreja. E por isso, a devida preocupação com o canto da comunidade.

Assim, criou-se um livro de música de forma facilmente acessível ao povo - o Saltério de Genebra - que fugiu dos verbetes do latim e das complexas melodias polifônicas. Os textos dos hinos foram escritos e, outros traduzidos, para o idioma local por muitos poetas da época. Além das melodias compostas, especificamente, para associar a um Salmo específico, elas foram escritas exclusivamente para o uso no Saltério, ao passo que várias músicas de hinos foram inspiradas no repertório nacionalista, folcórico ou popular.

À sombra do Saltério, surgiram diversos hinários como, “Hinos de Louvores e Súplicas a Deus”, “Cantor Cristão”, “Hinos e Cânticos”, “Harpa Cristã”, “Aleluia” e o hinário “Seja Louvado”. E, cinco séculos depois de sua criação, algumas músicas do Saltério ainda sobrevivem e, são amplamente, cantadas. É o caso do hino “Não há Condenação”, incluido no Hinário Novo Cântico (Nº98). Em resumo, cada hino e hinário possuem sua história e peculiaridade. E todos eles trazem ricas e edificantes mensagens de Deus para nós, além de muita adoração. Wellerson Cassimiro