25 de jul. de 2012

Pianos Bluthner - Uma quarta corda

O pianista da Yamaha Luiz Carlos Uhlik explica o funcionamento de um Bluthner

Segundo o Portal Concertino, o primeiro pianoforte, atualmente chamado somente de piano, data do ano de 1709, criado pelo fabricante de cravos Bartolomeo Cristofori. No início, esse novo instrumento de teclas não recebeu uma aceitação unânime. E os olhares de desconfiança eram muitos. Contudo, alcançou a sua popularidade depois do primeiro concerto público, em Londres, em 1768, dado por Johann Christian Bach, filho do virtuose organista e principal representante do estilo barroco, Johann Sebastian Bach. E, dessa data em diante, inúmeros pianos foram surgindo e sendo, cada vez mais, aprimorados seguindo à elevada exigência dos músicos e compositores. Hoje, as marcas são quase que infinitas e cada uma possuem as suas características peculiares, como é o caso do Piano Bluthner.

Segundo o pianista e músico exclusivo da Yamaha, Luiz Carlos Uhlik, as cordas agudas são a marca registrada dos pianos da marca Bluthner. “Ao invés de três cordas, como normalmente acontece com todos os pianos, um Bluthner tem quatro cordas”, revela. Ele explica, ainda, que o martelo toca as três cordas, como em todos os pianos. Entretanto, existe uma quarta corda, que é afinada uma oitava acima. “Ele simplesmente cria o som agudo mais cristalino que um piano pode produzir. O martelo toca as três cordas e, a quarta vibra, gerando um som totalmente inovador”, esclarece. Uhlik afirma que esta característica é a essência do Piano Bluthner. “É, sem dúvida, um dos mais impressionantes pianos do mundo”, encerra. Wellerson Cassimiro

18 de jul. de 2012

A mídia - criadora ou criatura?

A mídia cria a cultura, ditando árduas regras de comportamentos sociais. Ou será que uma complementa a outra? A relação mídia e cultura ocorreria mais como uma interação ou regime totalitário? Na verdade; ora, a mídia prevalece sobre a cultura. Ora, ocorre um processo inverso. No entanto, baseado na teoria do agendamento, ou agenda setting, revelo pensamentos os quais indicam a mídia como pervesa criadora, e menos como uma vulnerável criatura. Somos vítimas e criaturas de nossos meios de comunicação. Somos aquilo que lemos, ouvimos e assistimos.

A mídia hoje é mais forte do que pensamos. Por todos os lados, somos cercados pelos recursos de comunicação, como televisão, internet, rádio, jornais e revistas. Observa-se que a cultura de um povo é modificada conforme as tendências midiáticas. E, os exemplos são os mais variados. Em seu livro “Televisão Subliminar, socializando através de comunicações despercebidas”, Joan Ferrés faz uma exímia crítica ao fascínio, sedução e encanto que os artistas exercem sobre as pessoas. Ferrés afirma que as pessoas assumem as identidades de seus ídolos e, como resultado negam as suas próprias identidades. Elas assumem comportamentos que surgem da TV e do cinema, exaltando esses artistas os quais, também, escravizados por suas próprias personagens. Tanto são celebridades quanto escravos da indústria cultural.

Artistas, como Silvestre Stalone e a cantora Cher se submeteram à cirurgia estética para melhor encarnar suas “personas midiáticas”. No caso de Stalone, por exemplo, as intervenções cirúrgicas ocorreram em seu rosto, para dar vida ao ideal bravo e heróico soldado norte-americano, defendo e lutando pelos interesses de sua pátria. Hollywood caracteriza-se como uma grande fábrica de estrelas, ídolos e herois. A televisão, todavia, dá continuidade a essa veneração através das novelas e seriados, como Lost, Barrados no Baile, Lances da Vida, Smallville, Glee e dentre outros.

Esses programas derramam fortes ideologias de uma cultura capitalista sobre a já exsistente, esmagando costumes. Os chamados Reality Shows, também, têm contribuído para esse processo de “desaculturação” nativa para surgir uma nova cultura. Uma cultura mista. Ao meu ver, ficar diante da televisão, assistindo a um grupo de pessoas, confinadas, discutindo, brigando e... deixa pra lá... (censurado) não acrescenta em nada ao desenvolvimento de um país que ainda amarga uma forte herança de seu período colonial. Concluo, desse modo, afirmando e ratificando os conceitos de Joan Ferrés, que uma cultura frágil e desacreditada é facilmente influenciada pela mídia dominada por grandes empresários. Ou melhor, dinastias midiáticas. Wellerson Cassimiro

Mergulhão - Avenida Barão do Rio Branco (janeiro 2012)

7 de jul. de 2012

Uma nova Carmen, de Bizet, em Juiz de Fora

Na noite de ontem, sexta-feira (06), o palco do Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora, transformou-se na famosa Praça de Sevilha; uma Espanha de 1830, do compositor francês Georges Bizet. E, a doce, meiga e sagaz cigana, Carmen, interpretada pela jovem Carla Rosa, não seduziu apenas os soldados do quartel dos dragões de Alcalá, como também encantou o público que compareceu, em peso, ao espetáculo. A casa estava cheia. Claro que a ansiedade, tanto na plateia quanto nos bastidores, foi normal. Afinal, esta foi a primeira montagem da ópera Carmen, composta entre os anos de 1873 e 1874, formada integralmente por solistas, músicos e coristas locais. Música, figurino e interpretação; tudo estava de alto nível. Ao final de cada ária, surgiam aplausos intermináveis, como que sustentados por fermatas.

Sob a direção da regente e preparadora vocal, Patrícia Guimarães, a montagem não ficou a deixar, em nada, para os espetáculos das grandes companhias operísticas. Os dois momentos mais esperados foram as árias mais famosas dessa ópera: as peças “Habanera” (L'amour est un oiseau rebelle) e “Toreador” (Votre toast, je peux vous le rendre). Além dos inúmeros talentos, ímpares, sobre o palco do teatro, o diferencial dessa apresentação foi a narração da história feita por uma atriz, Cínthia Brugiolo, que contou com detalhes a vida da cigana de Bizet. Os solistas e o coro foram acompanhados pelas pianistas Maria Teresa Assis e Bethânia Guedes. Wellerson Cassimiro.

Ler: uma atividade divina

Conhecimento gera sabedoria. E, isso é fato. Nunca é demais e nem ocupa espaço. Mesmo com o crescente número de acessos à internet, mais tempo na frente do computador e mesmo diante de tanta tecnologia digital, como Ipad, Iphone, Tablet e outros recursos, a prática da leitura ainda é de fundamental importância. E, posso ir mais além. Na verdade, ler livros é de vital importância. O saber é o principal patrimônio do ser humano. Entretanto, poucos têm buscado essa riqueza.

Como é relatado no livro e, posterior, filme “O Nome da Rosa”, um romance do escritor italiano Umberto Eco, observa-se que na antiguidade, o conhecimento era vasto. Contudo, era controlado por uma minoria soberba, que tendia a ostentar uma vã doutrina intelectual. Por volta dos séculos IX e X, além de grande parte da população europeia ser analfabeta, nem todas as pessoas tinham acesso aos livros, os quais alguns desses eram considerados sendo hereges. E, não há forma melhor de manter um domínio sobre um grupo de pessoas: retirando delas a sua principal fonte do saber.

Se por um lado, o conhecimento gera sabedoria, por outro a sua falta gera ignorância. E, como resultado, surgem pessoas facilmente manipuladas e alienadas diante de importantes e atuais fatos sociais. Não são capazes de emitir suas próprias opiniões. Pelo contrário, seguem somente a vã doutrina de ideais superflúos da maioria. Acredito que, nada suprime uma boa leitura. Assistir televisão, navegar pelo universo infinito da internet e mergulhar no mundo mágico do cinema 3D, tudo isso é válido e faz parte de nossa rotina de seres habitantes de uma sociedade digitalizada. No entanto, o acesso aos livros nunca deve parar. O único remédio eficaz no combater à doença da alienação é, justamente, a Educação. Pense nisso. Wellerson Cassimiro

4 de jul. de 2012

Carmen de Bizet, em Juiz de Fora

Composta em quatro atos, a ópera “Carmen”, do compositor francês Georges Bizet, tem atravessado gerações com força e atraído cada vez mais um grande público aos teatros. Ao lado das obras “A Flauta Mágica”, do austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, e “Nabucco”, do romântico italiano Giuseppe Verdi, “Carmen” é uma das óperas mais montadas. E, nesta próxima sexta-feira(06), às 20h, no Cine-Theatro Central, os moradores de Juiz de Fora poderão revivenciar os talentos de dança e canto de uma cigana que usa dessas artes para encantar os homens.

Denominado de “Cenas Líricas”, o projeto desenvolvido e coordenado pela regente e preparadora vocal, Patrícia Guimarães, tem como objetivo apresentar as óperas de forma mais reduzida, as árias e duetos são independentes, sem a obrigatoriedade de uma montagem completa. “Encontrei o termo em uso para a seleção das peças mais conhecidas de uma ópera: pocket-ópera”, explica. Professora de Canto Lírico há 10 anos, Patríca percebeu que havia muito potencial em seus alunos, os quais ficavam sem espaço para participar de produções operísticas, por ser um hábito somente dos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. “Sendo Juiz de Fora uma cidade cultural e com um curso de canto lírico gratuito, em um conservatório estadual, comecei a desenvolver esse projeto. Fizemos a seleção, convidamos os cantores da comunidade, alunos e ex-alunos. E, assim, vimos desenhar a possibilidade de se fazer uma montagem de ópera na cidade”, revela.

Segundo a regente, essa ópera de Bizet foi escolhida por ter muitas melodias já conhecidas, como por exemplo a famosa Habanera. “A escolha foi pensando em atrair um público até então desconhecido. Sabíamos, por certo, que Carmen agradaria”, disse. Patrícia ainda revelou que os ensaios já acontecem há um ano e meio, e a apresentação integral no formato "pocket" ocorreu último Dia das Mães, no jardim do Museu Mariano Procópio. “Foi muito gratificante ver 850 pessoas nos ouvindo atentamente e, pasme, a maioria estava em pé!”, afirma.

E, SOB AS BATUTAS, UM RÁPIDO BATE-PAPO

Jornalismo Etc: Os cantores solistas, integrantes do coro e músicos são todos de Juiz de Fora?

Patrícia: Esse foi um dos alicerces do Projeto "Carmen" - usar solistas e cantores líricos locais. São todos de Juiz de Fora, ou seja, tem uma forte ligação com a cidade, nascidos aqui e oriundos da Zona da Mata. Eu mesma sou de Leopoldina, mas moro em Juiz de Fora há exatos 10 anos.

Jornalismo Etc: As obras operísticas são bem aceitas na cidade?

Patrícia: Depois do público no Museu, uma hora e quinze de espetáculo, percebemos que ninguém desistiu de ouvir Carmen. Todos permaneceram até o final, interagiram com a história, aplaudiram, choraram. São relatos que encontramos pessoalmente depois da apresentação. Uma boa surpresa!!!

Jornalismo Etc: Vocês pretendem dar continuidade a este projeto com montagens de outras óperas?

Patrícia: Com certeza! O sucesso de Carmen vem nos impor desafios de não pararmos. O grupo quer mais e as pessoas já perguntam pela próxima produção. Mas, vamos devagar e com capricho. Ópera se faz com dedicação e isso leva tempo. Estamos garimpando um terrreno novo para nós - público, patrocínio. Esperamos revelar pedras preciosas nas vozes de cantores da comunidade.Agradecemos o carinho com essa primeira aposta em CARMEN.

Jornalismo Etc: Além da apresentação no Museu Mariano Procópio e no Cine-theatro Central, haverá outras apresentações de Carmen?

Patrícia: Esperamos continuar, sim. Vai depender de convites, pois a verba que o projeto obteve através da Lei Murilo Mendes só nos possibilitou a apresentação no Central. Não tivemos custo com a apresentação no Museu. Isso foi um presente dos céus!!!

Os ingressos para essa apresentação de "Carmen" podem ser retirados e trocados por 1 Kg de alimento não perecível, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas ou na Igreja Metodista Central.

Juiz de Fora - Granbery / Centro