29 de jan. de 2013

Opus 1 - Prelúdios de um Minimalismo Urbano

Durante toda a História da Música, nota-se os mais diversos gêneros musicais, que permeiam tanto o meio erudito quanto o popular, como as óperas, oratórios, choros, sonatas, sinfonias, modinhas, concertos, missas dentre outros. Os chamados Prelúdios, entretanto, amiúde curtos e com tema único, é o destaque desta publicação. Estes gêneros caracterizam-se por serem obras que antecedem um evento musical maior. Nos séculos XVII e XVIII, por exemplo, era comum os prelúdios acompanharem os balés e as óperas. E, desde os tempos medievais, principalmente, no meio religioso, os prelúdios se destacam e servem como convites musicais, que anunciam às pessoas presentes dentro e fora do templo que a celebração litúrgica está prestes a começar. Esta tradição, de executar uma peça vocal ou instrumental antes das cerimônias religiosas, atravessou séculos e, ainda hoje, é um hábito corriqueiro nas igrejas e comunidades religiosas mais ortodoxas. Criticado e, severamente, ridicularizado pelos compositores e músicos mais conservadores da década de 1960, o Minimalismo surgiu como forma de ruptura com a corrente conservadora de se fazer e executar música. À época, no cenário mundial, em especial, nos países das Américas, havia extrema diversidade cultural e de diferentes ideologias, que vieram à tona de modo súbito, pois em meio aos artistas, pensadores e estudiosos, predominava o sentimento de busca pela novidade (CERVO, 2005). Era um momento de forte ebulição cultural, político, econômico e, claro, também religioso. E as manifestações de toda espécie, rapidamente, se multiplicavam (BARSA, 1975). Como exemplo, temos o Brasil que assistia a saída do Estado Novo, da política progressista do presidente Getúlio Vargas e via surgir o Regime Militar, com o golpe de 1964. Não obstante, os países do Reino Unido anunciavam a posse de uma bomba atômica; Marilyn Monroe polemizava o universo das vitrines de moda, ao deixar à mostra, boa parte de seu corpo através de vestidos transparentes. E, mesmo com a repressora maioria conservadora, os mais corajosos lutavam por ideais esquerdistas e anarquistas, que encantavam os jovens de todo o mundo, tendo como resultado movimentos artísticos variados, como os festivais de música que lotavam auditórios e grandes campos naturais (BARSA, 1975). E, a expansão dos temas, novos tipos de fontes fonográficos, documentários, programas de televisão e o crescimento do mercado cinematográfico, foram ainda aspectos que proporcionaram o fortalecimento do Minimalismo (ASSIS, 2009). Em seu artigo, “O Minimalismo e suas técnicas composicionais”, Dimitri Cervo afirma que o Minimalismo é o fruto de toda esta década de transformações e buscas incessantes por ideais de liberdade cultural, que atingiu os mais diversos segmentos artísticos, como na pintura, fotografia e cinema. Em especial, na música, o Minimalismo surgiu nos Estados Unidos (EUA) pelas mãos de quatro compositores Steve Reich (1936), LaMonte Young (1935), Philip Glass (1937) e Terry Riley (1935). Este novo estilo incentivou a produção musical de novos compositores e está, intimamente, ligada à música eletrônica (CERVO, 2005). Amiúde, a música Minimalista tem como característica a repetição permanente de poucos compassos, com pequenas variações através de grandes períodos de tempo e ritmos quase que hipnotizantes (CERVO, 2005). Acredito que o maior valor do estilo Minimalista, tanto musical quanto nas demais áreas da Arte – pintura e fotografia, por exemplo - é justamente este rompimento com o conservadorismo. É lançar um olhar diferenciado sobre o mundo. É olhar um mesmo objeto sobre diferentes ângulos. Na música, proporcionou uma devida abertura para aqueles músicos e compositores que até então demonstravam seus virtuosismos em espaços alternativos como, exilados do cenário musical; renegados por uma sociedade de valores ambíguos, como sendo menos importantes do que os compositores tradicionalistas. Contudo, não demorou para que este novo estilo alcançasse os ambientes mais elitizados dos grandes centos urbanos. Desse modo, como forma de expressão libertária, segue este “Opus 1 – Prelúdios Minimalistas”, no qual resolvi atribuir ao gênero musical e tradicional prelúdio, as características primordiais do movimento Minimalista.

4 de jan. de 2013