A arte é o meio mais eficaz para expressar, transmitir, traduzir e idealizar os anseios de uma sociedade. De forma clássica, tradicional ou até mesmo debochada e sagaz, utilizamos a arte para reivindicar direitos, cobrar mudanças sociais e pregar novos ideais. Observamos as letras, estrategicamente, elaboradas, das músicas que revelam problemas sociais de nosso tempo, as pinturas rupestres que eternizam uma cultura; as charges que exprimem severas críticas ao sistema político, o suave ritmo melódico, agudo ou grave das músicas sacras que transmitem culto ao Divino; as esculturas que registram uma história e as pinturas em afrescos que expressam a fé. Notamos que cada período da vida humana é registrado de variadas formas, traduzindo, desse modo, suas emoções. Aqui, vou me deter às pinturas em telas do movimento Expressionista.
O Expressionismo surgiu com fortes traços, grandes manchas, imagens disformes e cores intensas que revelaram a angústia, o drama, o sofrimento humano e a inquietação de um tempo, marcado pelo acelerado desenvolvimento tecnológico e científico emanado da Revolução Industrial e, afligido pelos conflitos sociais, étnicos resultantes da busca pelo poder, ocorridos na Idade Contemporânea, em que a existência humana foi colocada em prova.
Em solo europeu, observou-se o derramamento de sangue e a falta de abastecimento ocasionado pelas grandes guerras mundiais e pelos conflitos civis. Os ânimos e a fé estavam, agora, abalados. As pessoas de poucas posses e de hábitos noturnos foram marginalizadas, procurando refúgio em lugares úmidos e escuros das grandes cidades. Surgiram os bairros cinzentos formados por operários, trabalhadores das indústrias. Estas impunham longas jornadas de trabalho de 12 a 18 horas/dia.
Podemos definir o Expressionismo como um período da arte, decorrido no fim do século XIX e início do século XX. Este movimento preconizava uma interiorização da criação, uma reflexão individual e subjetiva do artista. Propunha uma ruptura formal e ideológica com os padrões estéticos ditados pela Academia de Artes européia. A distorção das imagens era intencional devido à busca pela expressividade.
Todas estas características como, distorções e grandes manchas, podem ser observadas nas obras de Edvard Munch e Vincent Willem Van Gogh, os dois maiores nomes do expressionismo. No quadro “Auto-retrato de Dr. Gachet”, de Van Gogh, há um clima de melancolia, depressão e tristeza, na face do médico do pintor, expressas através das linhas disformes além da tonalidade escura. Uma das características de Van Gogh era o uso das cores para traduzir as emoções que, fazia com exímio talento. Em suas obras a solidão e a miséria humana são representadas com tanta vivacidade que podemos sentir tal sentimento. Não existe melhor forma para registrar um momento, uma era um fato do que pela arte.
Wellerson Cassimiro