11 de ago. de 2011

A origem da arte hinística

Saltério de Genebra. Este foi o nome dado a um dos primeiros hinários usados pelas recém organizadas igrejas protestantes europeias, em 1517. Inicialmente, reuniu diversos Salmos que foram musicados. E, no decorrer dos anos sofreu inúmeras alterações. Já em 1539, aconteceu a sua primeira edição, que continha 22 Salmos e o Credo Apostólico com música. Três anos depois, um novo livro de Salmos foi publicado com a inclusão de novas melodias. Entretanto, só em 1562, o Saltério ficou completo com versões rimadas de todos os 150 Salmos, tendo algumas das canções anteriores substituídas.

Em seu artigo, “A Música na Liturgia de Calvino em Genebra”, Jouberto Heringer da Silva afirma que a música sempre fez parte do culto ao Senhor e que o uso de Salmos foi estabelecido por Davi. Heringer ressalta, ainda, que os serviços litúrgicos começavam com a chegada da Arca da Aliança ao tabernacúlo (I Cr. 16.4) e, segundo ele, o livro de Salmos é o hinário mais antigo que se conhece.

A ideia de se cantar em coro surgiu antes mesmo da Reforma Protestante. Sabe-se que a arte da música era dominada por um grupo seleto de pessoas, em geral ligadas ao alto clero e, não por toda a igreja; formada em sua maioria por camponeses. Pessoas humildes renegadas a qualquer tipo de instrução referente à educação. No entanto, Martinho Lutero e João Calvino, agentes precursores da Reforma, entenderam que toda a congregação deveria participar do louvor e culto a Deus. Na obra “Institutas da Religião Cristã”, livro introdutório sobre a fé protestante, de 1536, Calvino afirmou que é “uma coisa mais conveniente para a edificação de uma igreja cantar alguns salmos, na forma de orações públicas”. E no prefácio do mais novo hinário, edição de 1542, Calvino escreve: “Nós sabemos por experiência que o canto tem grande força e vigor para mover e inflamar os corações dos homens, a fim de invocar e louvar a Deus com um mais veemente e ardente zelo.” Em outra definição, o canto que ocorre em toda a música religiosa; seja este à capella ou com acompanhamento instrumental contribui, relevantemente, para a vida espiritual da igreja. E por isso, a devida preocupação com o canto da comunidade.

Assim, criou-se um livro de música de forma facilmente acessível ao povo - o Saltério de Genebra - que fugiu dos verbetes do latim e das complexas melodias polifônicas. Os textos dos hinos foram escritos e, outros traduzidos, para o idioma local por muitos poetas da época. Além das melodias compostas, especificamente, para associar a um Salmo específico, elas foram escritas exclusivamente para o uso no Saltério, ao passo que várias músicas de hinos foram inspiradas no repertório nacionalista, folcórico ou popular.

À sombra do Saltério, surgiram diversos hinários como, “Hinos de Louvores e Súplicas a Deus”, “Cantor Cristão”, “Hinos e Cânticos”, “Harpa Cristã”, “Aleluia” e o hinário “Seja Louvado”. E, cinco séculos depois de sua criação, algumas músicas do Saltério ainda sobrevivem e, são amplamente, cantadas. É o caso do hino “Não há Condenação”, incluido no Hinário Novo Cântico (Nº98). Em resumo, cada hino e hinário possuem sua história e peculiaridade. E todos eles trazem ricas e edificantes mensagens de Deus para nós, além de muita adoração. Wellerson Cassimiro

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