8 de mar. de 2012

Um Toque Feminino no Mundo da Música

Dia Internacional da Mulher

Em 1910, em uma conferência na Dinamarca, o dia 08 de março foi convencionado como o Dia Internacional da Mulher depois do lamentável incêndio, no ano de 1857, no qual cerca de 130 operárias de uma fábrica de tecidos, na cidade de Nova Iorque, morreram carbonizadas. As tecelãs realizavam uma greve e ocuparam a indústria. Elas reivindicavam melhores condições de trabalho, redução na carga diária de trabalho, equiparação de salários com os homens e tratamento digno no ambiente de trabalho. Entretanto, a manifestação foi brutalmente reprimida. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica que foi propositalmente incendiada.

Porém, atualmente, as mulheres tem conquistado o seu espaço e recebem o seu devido valor. Além de dedicarem tempo aos filhos e ao marido, a mulher tem ocupado lugar de destaque nos mais diversos segmentos sociais e assumem cargos que, há 15 anos, eram exclusivos de domínio masculino. E, no universo musical o toque feminino se estende por toda a história da música. Registra-se talentosas cantoras, regentes, intérpretes, compositoras e musicistas.

Na música popular brasileira (MPB), desde a Era do Rádio, surgem famosos nomes, como Emilinha Borba, Ellen de Lima, Violeta Cavalcante, Dalva de Oliveira, Ademilde Fonseca e Carmélia Alves. Já nos dias atuais, temos cantoras igualmente talentosas. Entre elas, Ana Carolina, Marisa Monte, Vanessa da Mata e Simone. A música erudita, por sua vez, também documenta a virtuosidade feminina. Surgem os nomes de Clara Schumann, Nadia Boulanger, Chiquinha Gonzaga, Esther Scliar, Eudóxia de Barros, Maria Teresa Madeira, dentre outras. Obviamente, que a atuação da mulher no campo musical é vasta. Seria quase impossível descrever todas mulheres que deixaram sua marca nessa arte. Entre elas, pode-se citar algumas, como a exímia pianista Louise Farrenc.

Virtuosidade nos saraus

Compositora e pianista do período romântico, Louise nasceu em 31 de maio de 1804, e desfrutou de uma reputação considerável durante a sua vida, como compositora, intérprete e professora de música. Ela iniciou seus estudos de piano ainda na infância, com os mestres Ignaz Moscheles e Johann Nepomuk Hummel, período no qual deve seu dom de compositora revelado. Na década de 1840, a fama da pianista era tal que, foi nomeada para o cargo permanente de professora de piano no Conservatório de Paris, cargo que ocupou durante 30 anos. Apesar de Farrenc permanecer entre os mais prestigiados professores de música da Europa, ela recebia um salário menor do que seus colegas homens. Suas composições revelam estruturas melódicas e técnicas bem peculiares, as quais lembram algumas peças de Robert Schumann, além de possuirem uma leveza, parecida com as músicas executadas nos salões de festas e saraus, do início do século XIX. Entre elas a “Valsa Brilhante Op.48 - Allegro Vivo”, “Air Russe Varie Op.17” e a peça “Etude Nº19 Presto em Si Menor”.

Um toque feminino nos hinários

Já no universo da hinódia surge o nome de Sarah Poulton Kalley, esposa do missionário Robert Reid Kalley. Mais conhecida nos segmentos do protestantismo brasileiro, Sarah P. Kalley lançou as bases para a fundação das Igrejas Evangélicas Fluminense e Pernambucana, junto com o seu marido. Ela auxiliou na organização e compilação do mais antigo hinário protestante, o “Salmos e Hinos”, editado no Brasil, e trabalhou na divulgação da cultura hinística. Traduziu, adaptou e compôs diversos hinos, os quais ainda são executados em muitas igrejas evangélicas. Sarah deixou-nos um importante legado musical. Entre as obras que traduziu, adaptou e metrificou, temos os hinos “Morada Feliz” (Sweet by-and-by), “O Servo do Senhor” (Emmanuel), “Convite de Jesus” (Stephanos), “Amor Fraternal” (Rutherford) e “União Fraterna” (Serenity).
Wellerson Cassimiro

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