2 de dez. de 2010

As duas faces da moeda



As características primordiais que diferem um aterro sanitário de um lixão

O aterro sanitário é um local projetado para receber e tratar o lixo, com base em estudos de engenharia, para reduzir ao máximo os impactos causados ao meio ambiente. Localizam-se distantes dos centros urbanos, devido ao mal cheiro e a propabilidade de contaminação do solo. Segundo normas técnicas, os aterros sanitários possuem uma vida útil de 20 a 25 anos, prevendo-se ainda o seu monitoramento por alguns anos após o seu fechamento. No entanto, a outra face dessa moeda se revela contraditória. O lixão, um desvio do aterro sanitário, apresenta características como, falta de controle de entrada do volume de resíduos que, ficam expostos ao ambiente, emitindo fortes odores e atrai urubus, moscas e ratos; além da ausência de tratamento do chorume, que pode contaminar o solo e o lençol freático.

Segundo o advogado e secretário institucional da Organização Não-governamental (ONG) Grupo Ecológico Salvaterra, José Rufino de Souza, a cidade de Juiz de Fora produz, diariamente, 440 toneladas de lixo, que são despejadas no aterro sanitário. Volume aproximado, também, era despejado sem nenhum critério no lixão instalado no bairro Salvaterra, em 1999, às margens da Rodovia BR-040, Km 797, na entrada sul da cidade. Ele ressalta que os resíduos devem passar por um processo de reciclagem. “Todo esse volume de lixo é descartado sem qualquer tratamento. Uma reciclagem sistemática dos resíduos secos (papel, plástico e latinhas de alumínio) pode proporciona a redução do volume, resultando no aumento da vida útil dos aterros”, esclarece. Para ele, este processo de seleção, além de reduzir o volume de lixo, “promove a inclusão social através da organização de associações de catadores de papéis, gerando renda para os associados”. E, ainda, revela que o lixão não sairia daquele local, senão fosse por intermédio do Grupo Ecológico Salvaterra através da mobilização popular. “O poder público não tinha qualquer interesse de transferência do lixão, caso não houvesse o trabalho da ONG”, diz.

As Rotas Inteligentes

Em dezembro de 2001, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DEMLURB) implantou o programa Rotas Inteligentes de coleta de lixo, com o objetivo de separar e reciclar os lixos coletados na cidade, divididas e classificadas em cores, conforme o tipo de material coletado. Contudo, para o secretário institucional da ONG “estas rotas não tinham qualquer validade, pois todos os tipos de resíduos (residênciais e hospitalares) acabavam em um mesmo destino, o lixão do bairro Salvaterra”, que não possuía qualquer estrutura ambiental para o seu funcionamento.

Segundo a assessoria de imprensa do DEMLURB, as rotas inteligentes foram implantadas por Juracy Scheiffer e funcionaram somente nos anos de gestão do prefeito Tarcísio Delgado. Atualmente, as coletas permanecem nos mesmos lugares, no entanto, sem a terminologia de rotas inteligentes.

O que é um Lixão?

O lixão se difere do aterro sanitário, pois apresenta práticas inaceitáveis, como a deposição do lixo diretamente no solo, podendo acarretar enormes prejuízos para o meio ambiente e para a saúde pública. José Rufino afirma que, em um aterro sanitário, à medida em que as camadas de lixo vão se formando, é necessária a construção de drenos internos horizontais e verticais, os quais devem ser interligados para melhor eficiência na drenagem dos gases e chorume, gerados na decomposição do lixo. Ele faz um alerta. “A sociedade precisa, urgente, de uma consciência ambiental e somente através das pressões de ações populares o Poder Público trabalha”, encerra.
Wellerson Cassimiro

Nenhum comentário: