2 de fev. de 2011

Um clima evoluído do espírito renascentista

Composta para cinco vozes a ópera Arianna, do compositor italiano Benedetto Marcello, se revela surpreendente ao parecer ostentar um clima evoluído do espírito renascentista, escrita para um soprano, um contralto, um tenor e dois baixos. O libreto é do também italiano Vincenzo Cassani. A obra teve sua estreia em 1726, tendo como personagens: Arianna (soprano), Fedra (contralto), Teseo (tenor), Bacco (baixo) e Sileno (baixo).

Comum às orquestras barrocas, o órgão e o cravo executam a parte do baixo contínuo. Em Arianna, o órgão acompanha as árias e os recitativos de Bacco e Sileno. O primeiro registro desse instrumento surge na terceira cena, durante o recitativo de Bacco (“A Terra, A Terra”). Em seguida, em um clima festivo, emana um coro (“Ebbre bessaridi” - sátiros e faunos). No entanto, o que me desperta a atenção é a peça sinfônica que abre a ópera, sequenciada nos movimentos: presto, largo e presto. Os violinos parecem duelar entre si, enquanto os naipes dos sopros iniciam, em um segundo tempo, um diálogo com esse duelo de semicolcheias e fusas.

Outro trabalho do italiano que merece destaque é a obra vocal "Estro poetico-armonico - Cantus Cölln", baseada no livro de Salmos, capítulos nº03, 10, 40, 44 e 47. Benedetto Marcello nasceu em Veneza, em 31 de julho de 1686. E, além de compositor, exercia as atividades de escritor e advogado. Entre seu legado estão cantatas, madrigais, oratórios e sonatas. Faleceu na cidade de Bréscia (Itália), em 24 de julho de 1739. Wellerson Cassimiro.

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