Wellerson Cassimiro
Grande palco a céu aberto, o Calçadão da Rua Halfeld, em Juiz de Fora, Minas Gerais, revela diversidade e democracia. Vários eventos são realizados sobre as pedras portuguesas do largo passeio como, concertos de música erudita e popular, manifestações políticas e religiosas, além de apresentações dos artistas de rua. Este cartão postal juizforano reúne as diferentes classes sociais, resultando em um imenso corredor de cores, etnias, ideologias, revelando ainda uma forte atividade comercial.
Comerciante ambulante, há cinco anos, Aparecida Soares de Melo, 54 anos, relata que o Calçadão é um dos melhores lugares, da região Central, para o comércio. “Aqui é movimentado e tenho mais chances de vender meus produtos”, explica. Mauro Cardoso, 43, ambulante há três anos, após ficar desempregado, monta a sua banca todos os dias, depois das 19h e, nos fins de semana, a partir das 14h. “Às vezes, tenho poucas vendas. Mas, em geral, nunca tenho prejuízos”, revela.
Para o artista de rua, Caio Mendonça, 33, o largo passeio é democrático. “Não é preciso pagar para estar aqui”. Gerente de uma loja de acessórios, João Peres Carvalho, 53, menciona que seu estabelecimento sempre obteve boas vendas. No entano, precisa arcar com o aluguel que é alto, devido ao ponto comercial favorável. Para a empresária e publicitária Zaine Chaves, 35, a via é um ponto de encontro perfeito para fazer novas amizades e encontrar vestuário de qualidade. “Aqui estão concentradas as grandes marcas, lojas de roupas, calçados, eletroeletrônicos e bancos. O Calçadão é um dos pontos comerciais mais tradicionais do município”.
Segundo a assessoria de imprensa da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), o comércio juizforano é analisado de forma ampla e não isoladamente, sem distinções de ruas. “Realmente há uma circulação maior de pessoas pela Rua Halfeld. Contudo, as vendas são estudadas em conjunto, incluindo todas as ruas centrais e o comércio dos bairros”, esclarece.
A GERAÇÃO CALÇADÃO
Dayana de Souza, 25, diz que a via é um dos melhores locais para ver e ser visto. Sempre que está no centro da cidade, a jovem arruma pretextos para transitar pelo Calçadão. Para ela o melhor dia para marcar presença é ao sábado. “Só tem gente bonita”. Opinião compartilhada por Amanda Fernandes, 19. “É um dos meus lugares preferidos, na cidade. Aqui tem movimento”, conclui.
CURIOSIDADES
O aposentado José Alves de Oliveira, 65, natural de Tabuleiro, Minas Gerais, passou a residir em Juiz de Fora, a partir de 1963. Nesta época, o Calçadão ainda não existia. O fluxo de carros prevalecia na via. Ora, em sentido único. Ora, em sentido duplo. Foi na gestão do então prefeito eleito em 1972, Saulo Pinto Moreira, que se deu a construção do imenso passeio. O aposentado revela uma das curiosidades que rondam sobre as obras. Inicialmente, os juizforanos não gostaram da ideia de ver uma rua central transformada em passeio. “Alguns ridicularizaram o prefeito, mencionando que as obras eram na verdade uma procura pelo canivete de seu pai, que fumava cigarro de fumo e que havia perdido por ali”, diz. Para a sua construção, “obras de escoamento de águas pluviais e instalação de rede elétrica tiveram que ser feitas, gerando os imensos buracos”. Por isso, a analogia feita à procura do canivete”, encerra.
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