A fantástica sucessão de “aleluias”
Organizado em 1995, o grupo Americantiga - com diferentes formações e enfoques interpretativos - se especializou em música brasileira, hispano-americana, portuguesa e italiana dos séculos dezoito e princípios do dezenove. O conjunto tem procurado utilizar a execução historicamente das composições desses séculos, com o uso de instrumentos da época. Recentemente, tem realizado concertos nos Estados Unidos, Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia.
Gravado no Palácio Pereda, sede da Embaixada do Brasil, em Buenos Aires, em 18 de setembro de 2008, o DVD “Americantiga Ensemble - Obras operísticas e sacras” chama a atenção pela qualidade da orquestração e pela exímia interpretação das peças. Destaco a música “Lauda Sion” (sequência para a quinta-feira do corpo de Deus), composta pelo padre brasileiro José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), que viveu a transição entre o Brasil Colônia e o Brasil Império. E é considerado um dos maiores compositores do continente americano de seu tempo.
Nesta obra, vozes dialogam harmoniosamente com os instrumentos, em uma surpreendente sequência de perguntas e respostas. Mas, o que realmente chama a atenção é a sucessão de “aleluias”, após uma breve pausa, executada sob um ritmo forte e crescente, e o que parece ser um allegro, no final da composição. A gravação contou com a presença dos cantores solistas, as sopranos Rosemeire Moreira e Silvina Sadoly, o contratenor Pablo Travaglino, o tenor Pablo Pollitzer e o baixo Sergio Carvelari, além de outros músicos argentinos. O Americantiga foi formado, e é conduzido, por Ricardo Bernardes que desenvolve um trabalho de pesquisa, resgate e divulgação do passado musical brasileiro, ibérico e itálico. Acredito que,com esse trabalho é possível perceber que os compositores sacros brasileiros não deixam a desejar em nada para os compositores religiosos europreus. Wellerson Cassimiro
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