ÚLTIMO CONCERTO NO BRASIL
Dentre as milhares de palavras da nossa Língua Portuguesa para atribuir valores a alguém ou a alguma coisa, vou escolher apenas uma. Virtuosidade. Acredito que seja esta a melhor palavra para “representar” o renomado pianista brasileiro, Nelson Freire, que realizou um belíssimo concerto no Teatro Pró-Música, na noite de ontem (26), em Juiz de Fora.
O auditório ficou lotado. E também, não era para menos. Ainda pela manhã, os convites se esgotaram em 11 minutos, no momento em que foram abertas as portas da recepção da sala de concertos. Fotografias e filmagens não foram permitidas. No programa estavam a Sonata em Fá Maior (K.332) do austríaco Wolgang Amadeus Mozart; a Fantasia, Op. 17, de Robert Schumann; Visões Fugitivas, Op.22, do compositor russo Sergei Prokofiev; La Maja y el Ruiseñor, de Enrique Granados, e as peças de Franz Liszt, Murmúrios da Floresta, Rapsódia Húngara nº3, Valse Oubliée nº1 e a expressiva melodia Balada nº2 em Si menor.
O concerto foi impecável, claro. Natural de Boa Esperança (MG) Nelson Freire deu vida às músicas. Ou melhor, deu vida ao piano. Um Steinway & Sons que cantava a cada arpejo. Graves e agudos preencheram todo o ambiente. E, o que mais me chamou a atenção, e creio que não só a minha, foi a execução da Fantasia Opus 17, de Schumann. Movimentos bem definidos e expressões minuciosamente executadas. Ora, a tempestade. Ora, a bonança. Cada uma à sua medida.
Ao final do programa, como já era esperado, aplaudido de pé, os pedidos de bis não cessavam. E simpático, Nelson Freire retornou ao piano três vezes. Em um desses regressos ao instrumento, interpretou a consagrada obra “Jesus Bleibet meine Freude (BWV 147)” do compositor barroco Johann Sebastian Bach. Depois da apresentação, no hall do teatro, o pianista ainda dedicou alguns minutos aos convidados, ansiosos por autográfos. Esse foi seu último concerto em solo brasileiro. Nelson Freire retorna à Europa para outra temporada. Wellerson Cassimiro
Um comentário:
Excelente registro do nosso grande pianista. Parabéns pelo texto!
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