1 de set. de 2010

Aula inaugural com o documentarista João Moreira Salles na faculdade Estácio

O cineasta e documentarista João Moreira Salles deu início ao segundo semestre de aulas de 2010 da Faculdade Estácio em aula inaugural teletransmitida



No último dia 12, quinta-feira, os alunos dos cursos de Comunicação Social (Publicidade e Propaganda / Jornalismo), da Faculdade Estácio de Juiz de Fora, assistiram a uma aula inaugural com o documentarista João Moreira Salles. A aula foi teletransmitida diretamente da unidade Estácio da cidade do Rio de Janeiro. No campus juizforano, os alunos se reuniram no auditório Guimarães Rosa que permaneceu lotado. A tele-aula transcorreu em um clima de bate-papo, como um top show, e foi mediada pelo professor de Comunicação da Estácio Rio, Flávio Dicola. A transmissão aconteceu para 73 unidades brasileiras da instituição. Entre os professores presentes estavam a coordenadora dos cursos de Jornalismo e Designer de Moda, Jakeline Sousa, a coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda Luciana Varga, o coordenador do Núcleo de Comunicação da Instituição (NUCOM), Antônio Carlos da Hora e o professor da disciplina de Laboratório de Planejamento Gráfico, Luiz Cláudio Fajardo.

O documentarista revelou que se formou em Economia pela PUC Rio e que, tem uma grande admiração e curiosidade no campo da Medicina. Na década de 80 fez o roteiro para a série "Japão, uma Viagem no Tempo" e, dirigiu o filme "China, o Império do Centro". Ele ainda produziu a película "Santiago", um documentário sobre um antigo mordomo de sua família. Segundo João Moreira, nos anos de mandato do presidente Fernando Collor, logo no início dos anos 90, o Brasil passou por período de abolição à produção cinematográfica. “Não havia incentivos fiscais para a produção de filmes nacionais”. Já no pós-governo de Fernando Henrique Cardoso os profissionais do cinema, cineastas e documentaristas voltaram às atenções para as campanhas publicitárias, deixando em segundo plano a produção de longas metragens. “As peças publicitárias oferecem um retorno financeiro mais rápido e são menos dispendiosas na elaboração”.

Ele acredita que “tendo um tema, tem-se um filme”. No entanto, esclarece que nem sempre a parceria tema e filme formam uma dupla perfeita. “Temos temas excelentes e péssimos filmes. E, filmes muitos bons com temas ruins”. Salles, ainda, explicou que os filmes são maneiras e formas de se contar uma história e, que a sedução faz parte de quem conta. “Esse é o segredo do sucesso para arrebatar as bilheterias”. Para João Moreira o poder está nas mãos de quem filma e não nas mãos da pessoa, assunto ou objeto filmado. O público se apaixona pelo discurso dito pelos personagens midiáticos, mesmo não sendo estes relatos dos próprios personagens. Ele enfatizou que um trabalho em equipe, o tripé: personagem, diretor e imaginação resultam em um bom filme.

O documentarista afirmou que mantém boas relações no campo jornalístico, e aposta na mistura de gerações de jornalistas. Além de produzir filmes, Salles escreve para a revista literária Piauí, que tem um foco abstrato, sem editorias e reuniões de pautas. “A revista não segue uma estrutura padrão de uma redação jornalística, como a dos grandes jornais”. Ele ressalta que os jornalistas apresentam mais autonomia para a produção de matérias e velocidade, devido ao marcador implacável do deadline das redações, além de poderem trabalhar com variados temas. O documentarista procura manter a mente aberta e uma curiosidade aguçada para abordar novos temas. Antes de finalizar a entrevista, lançou um questionamento para os graduandos em Comunicação: “vale a pena fazer cinema no Brasil?” encerrou.
Wellerson Cassimiro

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