12 de jul. de 2011

Marselhesa da Reforma

Em 1517, precisamente no dia 31 de outubro, nascia a igreja protestante fundada pelo então padre agostiniano e professor de teologia, o alemão Martinho Lutero. Seus questionamentos quanto à postura da igreja católica, bispos e padres culminou nas 95 Teses, fixadas às portas da catedral do castelo de Wittenberg. Este ato resultou na Reforma Protestante. E, como poeta e músico, Lutero sempre esteve atento à vida musical da nova Igreja que surgia, oriunda de seu movimento.

Amiúde, as músicas para o serviço litúrgico, do início do século XVI, eram polifônicas. As canções possuíam mais de uma melodia, cantadas e executadas ao mesmo tempo, resultando em uma vasta complexidade. Além desse fato, o acesso ao universo musical era restrito aos altos membros da igreja. Poucas pessoas cantavam e, muito menos, tocavam algum instrumento. Desse modo, Martinho achou que as pessoas deveriam cantar algo mais simples, de fácil acesso e canções menos complexas instituindo, desse modo, o estilo canto coral.

Também conhecido como canto congregacional, este estilo é constituído de uma melodia, harmonizada para quatro vozes (baixo, tenor, contralto e soprano). Com isto, ele proporcionou que as pessoas mais simples pudessem manifestar sua adoração a Deus através do canto, algo limitado e de posse dos letrados clérigos da igreja romana. As letras dos hinos foram traduzidas para o alemão, até então cantados – por poucos - em latim.

Lutero compôs diversos hinos. Dentre eles, a famosa música “Castelo Forte é o nosso Deus” (Ein' feste Burg ist unser Gott), integrado ao Hinário Novo Cântico (IPB), número 155 e, considerado pelo poeta romântico Heinrich Heine, como a “Marselhesa da Reforma”: símbolo de uma época de libertação religiosa e intelectual. Alguns estudiosos afirmam que seria incabível uma celebração em comemoração à Reforma Protestante sem ao menos entoar esta melodia. O texto luterano revela que Deus é o escudo e refúgio forte para os homens, e os defende de toda a investida do inimigo, que o rodeia como um leão que ruge. O ex-padre afirma, em sua canção, mesmo que aquele que ama e teme o Deus Altíssimo, perder tudo nesta vida, com Jesus Cristo irá viver eternamente.

Ao longo da história musical, inúmeros compositores deram um tratamento especial a esta famosa melodia reformista. Destacam-se o virtuose organista barroco alemão, Johann Sebastian Bach, com a cantata BWV 80 (Ein' feste Burg ist unser Gott); e, o pianista alemão, do período romântico, Felix Mendelsshon-Bartholdy, com a Sinfonia da Reforma. O hino “Castelo Forte é o nosso Deus”, é baseado no livro de Salmos, capítulo 46, versículo sete. Wellerson Cassimiro.

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