22 de jul. de 2011

17 de jul. de 2011

A invasão da música barroca em Juiz de Fora

Começa hoje o 22º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga

Juiz de Fora amanheceu diferente neste domingo (17). Jovens empunhando violinos, flautas, fagotes, violoncelos e oboés já marcam presença nas ruas centrais. Vindos de várias regiões do país, os estudantes de música, aos poucos, estão chegando à cidade para o 22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, que começa hoje. O concerto de abertura está a cargo dos violonistas Sérgio Assad e Odair Assad, no Cine-Theatro Central, às 20h30. Os irmãos brasileiros são considerados uma referência para os violonistas, por terem criado um padrão de inovação para o violão com geniosidade e expressão.

Realizado pela Escola de Belas Artes Pró-Música, o festival oferecerá cerca de 49 cursos, master class e palestras sobre óperas barroca, retórica musical e o violinismo no Brasil na segunda metade do século XIX. Serão 14 dias de aulas e concertos noturnos e vespertinos, com comentários didáticos antes dos concertos, no Cine-theatro Central, nas Igrejas do Rosário e São Sebastião, e no Teatro Pró-Música. Entre os convidados estão a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob a regência de Marcos Arakaki; os cravistas Marcelo Fagerlande (RJ) e Ana Cecília Tavares (DF); o grupo francês Doulce Mémoire, sob a direção de Denis Raisin Dadre; o Quarteto de Cordas Camargo Guarnieri (SP) e o pianista Paulo Henrique Almeida. Sob a regência de Rodrigo Toffolo, a Orquestra Ouro Preto vai realizar o concerto de encerramento do evento, no dia 30, às 20h30, no Cine-Theatro Central.

Patrimônio imaterial de Juiz de Fora, o festival já foi agraciado com o Trofeu Guarany do Prêmio Carlos Gomes, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade do Ministério da Cultura, e da Ordem do Mérito Cultural, insígna concedida pela Casa Civil da Presidência da República. Wellerson Cassimiro

15 de jul. de 2011

Café, Finanças e Indústria

A Juiz de Fora de 1889

Baseada em jornais e períodicos regionais do início do século XX como, o Gazeta da Tarde, Correio de Minas, O Pharol e o Diário Mercantil, a pesquisa desenvolvida pelo professor de História Econômica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Anderson Pires, e que culminou no livro “Café, Finanças e Indústria; Juiz de Fora 1889 – 1930”, revela a transição escravista-capitalista na região da Zona da Mata mineira, além de tentar explicar as condições que não estariam vinculadas diretamente à produção cafeeira da Mata, no processo de diversificação urbano-industrial.

Segundo Pires, a economia agroexportadora que se desenvolveu na Zona da Mata de Minas Gerais teria se fundamentado, no período de 1889 a 1930, em regime fundiário marcado pelo predomínio de pequena e média propriedades, o que teria limitado a capacidade de capitalização das unidades produtivas locais e dos agentes econômicos com elas identificados. Além de apresentar uma exímia historiografia da atividade econômica juizforana, o livro possui gráficos e tabelas da evolução da produção de café, em médias quinquenais; crescimento da população urbana, número de construções na cidade e dados proporcionais da população urbana frente à população total para alguns municípios da Zona da Mata em 1920. Wellerson Cassimiro

12 de jul. de 2011

Marselhesa da Reforma

Em 1517, precisamente no dia 31 de outubro, nascia a igreja protestante fundada pelo então padre agostiniano e professor de teologia, o alemão Martinho Lutero. Seus questionamentos quanto à postura da igreja católica, bispos e padres culminou nas 95 Teses, fixadas às portas da catedral do castelo de Wittenberg. Este ato resultou na Reforma Protestante. E, como poeta e músico, Lutero sempre esteve atento à vida musical da nova Igreja que surgia, oriunda de seu movimento.

Amiúde, as músicas para o serviço litúrgico, do início do século XVI, eram polifônicas. As canções possuíam mais de uma melodia, cantadas e executadas ao mesmo tempo, resultando em uma vasta complexidade. Além desse fato, o acesso ao universo musical era restrito aos altos membros da igreja. Poucas pessoas cantavam e, muito menos, tocavam algum instrumento. Desse modo, Martinho achou que as pessoas deveriam cantar algo mais simples, de fácil acesso e canções menos complexas instituindo, desse modo, o estilo canto coral.

Também conhecido como canto congregacional, este estilo é constituído de uma melodia, harmonizada para quatro vozes (baixo, tenor, contralto e soprano). Com isto, ele proporcionou que as pessoas mais simples pudessem manifestar sua adoração a Deus através do canto, algo limitado e de posse dos letrados clérigos da igreja romana. As letras dos hinos foram traduzidas para o alemão, até então cantados – por poucos - em latim.

Lutero compôs diversos hinos. Dentre eles, a famosa música “Castelo Forte é o nosso Deus” (Ein' feste Burg ist unser Gott), integrado ao Hinário Novo Cântico (IPB), número 155 e, considerado pelo poeta romântico Heinrich Heine, como a “Marselhesa da Reforma”: símbolo de uma época de libertação religiosa e intelectual. Alguns estudiosos afirmam que seria incabível uma celebração em comemoração à Reforma Protestante sem ao menos entoar esta melodia. O texto luterano revela que Deus é o escudo e refúgio forte para os homens, e os defende de toda a investida do inimigo, que o rodeia como um leão que ruge. O ex-padre afirma, em sua canção, mesmo que aquele que ama e teme o Deus Altíssimo, perder tudo nesta vida, com Jesus Cristo irá viver eternamente.

Ao longo da história musical, inúmeros compositores deram um tratamento especial a esta famosa melodia reformista. Destacam-se o virtuose organista barroco alemão, Johann Sebastian Bach, com a cantata BWV 80 (Ein' feste Burg ist unser Gott); e, o pianista alemão, do período romântico, Felix Mendelsshon-Bartholdy, com a Sinfonia da Reforma. O hino “Castelo Forte é o nosso Deus”, é baseado no livro de Salmos, capítulo 46, versículo sete. Wellerson Cassimiro.

6 de jul. de 2011

Simples petição musical

Ainda abordando as formas prelúdios, a melodia “St. Agnes”, composta pelo inglês John Bacchus Dykes, em 1866, merece uma devida atenção. Sua função inicial está longe de ser uma música introdutória dos momentos litúrgicos. Entretanto, amiúde, é adaptada para este ofício. Apresenta uma estrutura melódica simples, sem o exagero de acordes rebuscados ou o uso de arranjos complexos. O texto que acompanha a peça, escrito por James Theodore Houston, também contribui para essa fácil adaptação, o qual sugere uma petição ao Divino para aceitar a adoração dos homens.

John Bacchus Dykes foi o quinto filho do casal William Hey Dykes e Elizabeth Dykes. Precocemente, aos 10 anos de idade foi nomeado organista assistente na Igreja de São João, em Drypool (Inglaterra), onde seu avô, o Rev. Thomas Dykes era o vigário. Além do órgão, Bacchus ainda estudou violino e piano. Publicou inúmeros sermões e artigos sobre religião. Contudo, os mais de 300 hinos que escreveu o deixa mais conhecido no universo musical. Uma de suas composições que o torna popular é o hino “Trindade Santíssima” (Niceia), comumente cantado para as palavras “Santo, santo, santo, Deus onipotente!". Dykes morreu aos 52 anos, e foi enterrado em St. Oswald, em Durham. Wellerson Cassimiro.