16 de abr. de 2009

Utilitarismo X Denuncismo

Observamos que a sociedade é bombardeada por milhares de informações, a todo instante; fenômeno este iniciado com advento do processo tecnológico do início do século XX. Mal conseguimos digerir uma informação, e lá surgem outras. Todavia, muitas dessas notícias não apresentam conteúdos claros e concretos. Não há um aprofundamento dos fatos publicados pela mídia, apesar do excesso de tecnologia disponível. Parece que, tanto profissionais da comunicação como a sociedade, não buscam por informações mais completas. Não há uma preocupação quanto à veracidade dos fatos e, com esse turbilhão de informações aliado a superficialidade das notícias, surgi o chamado denuncismo. Este tem como objetivo principal o lucro pelo lucro, ou o furo pelo furo da matéria. Presenciamos a Ética se esvaindo do nosso cotidiano, pouco a pouco, nesse processo capitalista de se fazer da notícia, o dinheiro.

Alguns destes profissionais praticam o denuncismo, enquadrado equivocadamente, dentro da Ética Utilitarista. Essa preconiza que os fins justificam os meios. Seria o prejuízo de poucos em benefício de uma coletividade. Algo só é ético quando é pelo bem comum e não quando interessa somente a uma pessoa. Notamos que alguns desses comunicadores estão voltados para os interesses dos donos das empresas midiáticas, ou para a busca de sua própria glória e alimento de seu ego, o que pode ser perigoso. Publicar por publicar, denunciar por simples ato, sem uma apuração rigorosa, pode causar o fim de uma carreira ou atribuir valores errôneos às pessoas ou aos acontecimentos.

Observamos que o mercado jornalístico anseia por notícias espetaculares de grande impacto social, fomentando, desse modo, a “corrida pelo ouro” entre os jornalistas. Estes precisam dizer que não irão publicar um fato, ao perceber que certa notícia está mal apurada ou confusa. Assim, podemos analisar dois fatos que ocuparam as primeiras páginas dos jornais brasileiros, como o caso da Escola Base, em São Paulo e, recentemente, o desfecho da história da menina Isabella. Notamos a falta de comprometimento pela boa informação. Em nosso primeiro caso, vimos uma família sólida, proprietária de uma Instituição Educacional séria, ser fortemente abalada e destruída por equívocos grosseiros da imprensa, resultado de uma informação mal apurada. No segundo caso, temos a fúria da imprensa sobre um casal, que antes mesmo do início da investigação e, sua conclusão, pelo poder judiciário, a mídia o julgou como culpados. Em ambos os casos, culpados ou não, a imprensa atribuiu causa de valor precipitadamente pela sede de justiça e egoísmo.

Com certeza, a Ética Utilitarista é de real importância para um profissional da imprensa. É através desse conceito ético que pessoas corruptas podem ser reveladas e punidas. Contudo, esse utilitarismo precisa ser pensado e muito bem aplicado, para não causar falhas nos atos sociais – lamentáveis – como o da Escola Base.
Os fins justificam os meios. Contudo, quais serão os meios para se atingir o objetivo? Serão estes meios éticos? O nosso objetivo também será ético, visando o bem da sociedade, ou será só por nosso ego?
Wellerson

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