15 de mar. de 2010

Ser Jornalista • • Por Wellerson Cassimiro

Ser jornalista é muito mais do que escrever para renomados impressos, aparecer na televisão empunhando um microfone ou produzir programas de entretenimento e de entrevistas. Não se resume em glamour, holofotes ou rostinhos bonitos. Não se restringe a escrever meros textos para as colunas especializadas ou para as colunas sociais.

Elaborar textos sobre temas específicos, como economia, política, música, cinema ou comportamento, não fazem de ninguém um jornalista. Para os ditos “intelectuais e dominadores da língua portuguesa”, vai a dica. Qualquer pessoa, minimamente, letrada consegue descrever sobre o assunto da sua área de conhecimento. Um advogado é capaz de escrever, com exímio talento, sobre direito tributário. Um mecânico, da mesma forma, escrever com riqueza de detalhes as diferenças funcionais entre os automóveis movidos à gasolina e a álcool. Ainda assim, não são jornalistas.

Quero ver estes mesmos escritores atuar no jornalismo diário. Se deparar com questões éticas. Publicar uma informação sem prejudicar nenhum dos envolvidos. Realizar uma denúncia sem cair no sensacionalismo. Diferenciar o que é interesse público do que é interesse do público. Distinguir o que é informação do que é fofoca. Ser jornalista é separar o joio do trigo. Ser jornalista é realizar uma correta interpretação da atual realidade distorcida.

Observo uma confusão feita por alguns profissionais que atuam no campo da comunicação. Eles associam o jornalismo às questões meramente estéticas e à futilidade, profanando o real sentido das práticas jornalísticas. Na televisão, os programas de entretenimento, com espaço para entrevistas, se revelam sem conteúdo, tediosos e maçantes. Nesta exaltação do niilismo televisivo, não sei quem fica mais perdido. Se, é o apresentador, o entrevistado ou os telespectadores. Cada vez mais, jornais, revistas, televisão e outras mídias estão se perdendo em meio aos assuntos banais.

Eu acredito que o jornalismo, assim de tudo, é informar, formar opiniões, questionar e despertar o senso crítico adormecido. No passado, grandes nomes do jornalismo foram censurados, pois neles havia um espírito questionador e fiscalizador.

Questionar é trazer à toa a verdade que, muitos tentam esconde-la, em especial, as autoridades do segmento político. Eles fomentam por uma sociedade robótica. Uma sociedade adestrada, impedida de raciocínio lógico, através de um entretenimento vazio e um jornalismo banalizado. Esta triste realidade precisa ser mudada.

O jornalismo é considerado o quarto poder. Não por arrogância dos jornalistas, mas sim por se consagrar como um fiscalizador dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Nós jornalistas, compromissados com a verdade, engajados na profissão e a serviço do povo, precisamos conservar e lutar pela rica história do jornalismo. Os jornalistas são os olhos, os ouvidos e a boca daqueles marginalizados pela democracia brasileira que privilegia empresários e grandes proprietários de multinacionais e renega aqueles que com seu suor permanecem esperançosos por um país mais digno. Isto é ser jornalista. Wellerson Cassimiro.

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