
O recente caso do repórter Aguirre Peixoto, do Jornal A Tarde, demitido na última quarta-feira, 09, após publicar uma série de denúncias contra crimes ambientais, nos leva a pensar sobre uma censura, ainda viva. No entanto, silenciosa. Os atuais censores da imprensa não são oficiais militares fortemente armados, estáticos no canto mais úmidos das redações. O discreto “cala boca” jornalístico está na forma de capital, patrocínio e pressão, através do quem paga o jornal dita as ordens. Peixoto foi dispensado de seu serviço por pressão de empreiteiras, que teriam se sentido prejudicadas com as matérias. Todavia, a direção do jornal negou sofrer pressão das construtoras. E retorno a pergunta. E você, realmente, acredita nisso?
As mídias cederam espaço para grandes anunciantes que, de uma forma ou de outra, como gatekeeper, escolhem o que é ou não publicável (em favor de seus interesses). Peixoto, somente cumpriu o seu dever. Contudo, recebeu um cala boca de empresários influentes no então jornal, como no antigo regime de coronéis.
Mas, para a felicidade da imprensa, Aguirre Peixoto recebeu a proposta de retornar ao períodico. A união (mais uma vez) fez, e faz, a força. Os demais jornalistas do impresso organizaram uma greve. O editor-chefe do veículo, Florisvaldo Mattos, pediu demissão. Contudo, afirmou que sua saída não foi motivada pelo caso de Peixoto, mas devido a um acúmulo de outras situações. Wellerson Cassimiro.
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