20 de mar. de 2011

Órgãos Históricos - volume III

Brasil e Portugal

Tiento XV, de Juan Bautista Cabanilles; Tocata VI, de Antón Mestres, e a Sonata em F Maior, de Dos Santos Elias; são algumas das belas obras barrocas que estão no CD “Órgãos Históricos”, volume 3, gravado pela organista Elisa Freixo, nos órgãos da cidade de Mariana (MG) e na cidade de Faro, em Portugal. Gravado nas madrugadas dos meses de maio e outubro de 1998, este CD é fruto da vontade de estabelecer uma comparação sonora entre os dois órgãos que vêm sendo considerados irmãos na nossa história recente.

Entretanto, cada instrumento apresenta um repertório de peças escolhidas graças as suas características e também à experiência de vida que cada órgão possui. Em Mariana, o repertório selecionado é composto por obras da tradicional Escola Alemã, sobretudo do Norte como, as músicas de Scheidemann, Buxtehude, Böhn e J.S. Bach. Já em Faro, o repertório é constituído por peças ibéricas de Durón, Cabanilles, Mestres, Soler e Dos Santos Elias. Reconhecidos na década de 70 como instrumentos construídos sob forte influência da escola organária do Norte da Alemanha, se tornaram objetos de interesse da comunidade local e internacional. Considerados por muitos estudiosos e pesquisadores como órgãos construídos por Arp Schnitger.

Schnitger foi um dos maiores construtores de órgãos celebrados de sua época. Sua produção, além de ser de altíssima qualidade, também foi extremamente profícua. Chegou a trabalhar em cerca de 170 instrumentos entre construções, reformas e ampliações. Exportou instrumentos para vários países da Europa, entre eles Holanda Inglaterra, Espanha, Portugal e Rússia. De todas estas obras nos restaram ainda 30, inteiras ou parcialmente conservadas, e em Mariana encontra-se a única delas a estar fora da Europa.

Apesar de ser uma peça breve, o que me chama a atenção nesta gravação é a obra “Prelúdio” do compositor dinamarquês Dietrich Buxtehude, que apresenta uma estrutura livre, típica desse gênero com função introdutória. A obra aparece antecipando a Fuga em Sol Maior, do compositor. Em todas as obras Elisa Freixo demonstra precissão e virtuosismo. Em destaque, contudo, na passagem da obra Prelúdio para a Fuga, Elisa realiza uma excelente mudança de registro, proporcionando às peças um clima único e literalmente sacro. Wellerson Cassimiro

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