22 de jun. de 2011

Arte Urbana

As ideologias escondidas nos desenhos urbanos

Pichação, contravenção ou arte de vanguarda questionadora? Comum aos grandes centros urbanos após a década de 1970, os grafites, desenhos e frases inscritos em paredes e muros, se tornaram uma febre. Considerada por alguns como mera pichação, o grafite, no entanto, se revela na forma de manifestação artística em espaços públicos, demonstrando sua principal característica, a democratização.

Apesar de ser uma forte marca do crescente urbanismo e do movimento Hip Hop, nota-se vestígios do grafite durante o Império Romano. Seu aparecimento na idade contemporânea se deu na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, quando jovens e adolescentes começaram a deixar suas marcas, como assinaturas, nas paredes da cidade. Com o passar do tempo, novas técnicas e desenhos foram sendo incorporados ao grafite, se tornando no final do século XX, um canal de expressão social.

Grafiteiro desde 1991, Jair Gomes de Oliveira, 27 anos, tem o grafite como a sua forma de questionar o mundo, cobrar por mudanças, expressar as desigualdades sociais e dar voz aos menos favorecidos. “Sempre represento a realidade das ruas em meus desenhos” revela, diz. Contudo, a sociedade ainda não está acostumada a visualizar informações essenciais nos inscritos urbanos. Observa-se que, muitos desses desenhos escondem poderosas ideologias, que enxergadas podem mudar conceitos.

No entanto, a mentalidade coletiva é que grafite é coisa de pichadores. “Faço meus grafites com qualidade artística. Mas, em geral, as pessoas confundem com simples Hollow”, diz. Segundo o grafiteiro, Hollow é um termo usado por grafiteiros para indicar um grafite ilegal, também chamado de Bomb. Recentemente, diante do aumento da tarifa do transporte coletivo, Juiz de Fora amanheceu com alguns muros pintados com escrições de protestos à Astransp. Para Jair Gomes, esse tipo de atitude é vandalismo e não pode ser comparado com o grafite. “Esse que é o problema. Os pichadores só ajudam a promover a ideia de que grafite é vandalismo”, encerra. Wellerson Cassimiro.

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