17 de mar. de 2009

A Jangada do Medusa - Loucura e Canibalismo


Théodore Géricault, 1820

O Medusa era uma fragata real que conduzia franceses para as colônias da França em Senegal, na África. Esta afundou na costa oeste do continente africano por um erro de navegação. O comandante Hugues du Roy de Chaumareys não fazia nenhuma viagem marítima há vinte e cinco anos. Além desse equívoco, a fragata transportava mais passageiros do que realmente comportava, resultando no total de 400 passageiros.

O naufrágio:

O capitão e a tripulação foram os primeiros a abandonar o Medusa e tomaram, a força, os barcos salva-vidas. Sem botes para se salvarem, os demais passageiros construíram uma jangada com as sobras do navio. A pequena jangada, então, abrigou 149 passageiros. Permaneceram à deriva por treze dias, sem comida e sem água. Só 15 sobreviveram. Muitos enlouquecerem sob o sol escaldante e, para não perecerem, os sobreviventes iniciaram um processo de canibalismo, comendo pedaços dos corpos dos passageiros mortos. Após treze dias, foram resgatados pelo navio Argus.

A imprensa:

Consequentemente, a imprensa publicou, durante meses, fortes críticas sobre o desastre, nas primeiras páginas dos jornais.

A pintura:

A pintura, de 1820, acima é de Théodore Géricault, pintor francês (1791-1824) do estilo romântico, que apurou a história do naufrágio, entrevistando minuciosamente os sobreviventes. O curioso é que Théodore estudou os corpos em decomposição e cabeças decapitadas em busca de maior autenticidade. Este era um admirador das formas de Michelângelo. Em seu ateliê mandou construiu uma jangada como modelo e inspiração. Observa-se na pintura duas pirâmides: a da morte e da vida. Na parte superior direita vê-se um homem negro acenando, com lenços de várias cores, para o horizonte na esperança de resgate eminente. Na parte inferior esquerda, nota-se o pai lamentando a morte de seu filho segurando-o em seus braços. Também percebe-se o simbolismo do canibalismo, na parte inferior há a presença de um machado. Contudo, percebe-se um erro no realismo, pois depois de treze dias ao mar, sem alimentação, tanto os corpos como os sobreviventes não estariam bem nutridos e corados, além de apresentarem cabelos e barbas longas. Ainda assim, esta imagem repercutiu de forma avassaladora na sociedade francesa.
Wellerson

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