13 de out. de 2009

O Medo Institucionalizado • • 2ª PARTE

A MÍDIA DO MEDO

No texto anterior, observou-se a instalação do medo nas grandes cidades oriundo, principalmente, do inchaço desses centros urbanos. Contudo, percebe-se que a mídia contribui e, é um forte elemento, para uma realidade de incertezas sociais, mantendo os cidadãos sob um regime de medo constante, unindo a razão e o irracional; a história e a fábula. Descobriu-se que, o medo é lucrativo gerando capital tanto para, os grandes empresários como, para os políticos que, por sua vez, controlam os mais prestigiados meios de comunicação de massa. Surge “a mídia do medo”.

Os noticiários apresentam uma realidade urbana que se funde a ficção como, um seriado de TV. Há um forte discurso de extrema espetacularização do pânico. O medo se institucionalizou e virou o protagonista dessa novela, onde os cidadãos são os figurantes e a audiência é o alvo. A propagação do medo foi ratificada quando, recentemente, a Gripe A (H1N1), registrada inicialmente no México, fez com que inúmeras pessoas mudassem de hábitos diários, em vários países. O pânico foi instalado e, alimentado pela imprensa internacional e brasileira, fez com que o álcool gel, produto utilizado para assepsia, sumisse das prateleiras dos supermercados, no caso do Brasil.

Quanto aos hábitos, o tradicional cumprimento, utilizando o aperto de mãos, foi abolido. Grandes eventos sociais, onde houvesse concentração de pessoas, foram cancelados. As janelas dos transportes coletivos permaneceram abertas, lenços e máscaras descartáveis tornaram acessórios imprescindíveis nas bolsas e nas mochilas dos estudantes, além do adiamento do retorno às aulas, no início do segundo semestre de 2009. A cultura metropolitana foi alterada pelo medo. Novos costumes foram inseridos para que evitasse uma possível pandemia. Contudo, quase dois meses depois da coroação do pânico, parece que o medo acabou. Será que a doença cessou? Havia os cientistas encontrados a cura? A resposta está na mídia.

Observa-se que, a imprensa desviou o seu foco e a população esqueceu o assunto, retornando à sua rotina habitual, o que comprova, mais uma vez, o poder que a mídia tem sobre a massa, controlada pelo discurso da indústria cultural. Forma-se, desse modo, uma grande teia que une o medo como instituição, a mídia e a indústria cultural, manipulando as pessoas, deixando-as sob um interminável estado de tensão coletivo, aprisionados e, de forma invisível, sendo controlados.
Wellerson Cassimiro

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