
Em seu artigo, “A Música na Liturgia de Calvino em Genebra”, Jouberto Heringer da Silva afirma que a música sempre fez parte do culto ao Senhor e que o uso de Salmos foi estabelecido por Davi. Heringer ressalta, ainda, que os serviços litúrgicos começavam com a chegada da Arca da Aliança ao tabernacúlo (I Cr. 16.4) e, segundo ele, o livro de Salmos é o hinário mais antigo que se conhece.
A ideia de se cantar em coro surgiu antes mesmo da Reforma Protestante. Sabe-se que a arte da música era dominada por um grupo seleto de pessoas, em geral ligadas ao alto clero e, não por toda a igreja; formada em sua maioria por camponeses. Pessoas humildes renegadas a qualquer tipo de instrução referente à educação. No entanto, Martinho Lutero e João Calvino, agentes precursores da Reforma, entenderam que toda a congregação deveria participar do louvor e culto a Deus. Na obra “Institutas da Religião Cristã”, livro introdutório sobre a fé protestante, de 1536, Calvino afirmou que é “uma coisa mais conveniente para a edificação de uma igreja cantar alguns salmos, na forma de orações públicas”. E no prefácio do mais novo hinário, edição de 1542, Calvino escreve: “Nós sabemos por experiência que o canto tem grande força e vigor para mover e inflamar os corações dos homens, a fim de invocar e louvar a Deus com um mais veemente e ardente zelo.” Em outra definição, o canto que ocorre em toda a música religiosa; seja este à capella ou com acompanhamento instrumental contribui, relevantemente, para a vida espiritual da igreja. E por isso, a devida preocupação com o canto da comunidade.
Assim, criou-se um livro de música de forma facilmente acessível ao povo - o Saltério de Genebra - que fugiu dos verbetes do latim e das complexas melodias polifônicas. Os textos dos hinos foram escritos e, outros traduzidos, para o idioma local por muitos poetas da época. Além das melodias compostas, especificamente, para associar a um Salmo específico, elas foram escritas exclusivamente para o uso no Saltério, ao passo que várias músicas de hinos foram inspiradas no repertório nacionalista, folcórico ou popular.
À sombra do Saltério, surgiram diversos hinários como, “Hinos de Louvores e Súplicas a Deus”, “Cantor Cristão”, “Hinos e Cânticos”, “Harpa Cristã”, “Aleluia” e o hinário “Seja Louvado”. E, cinco séculos depois de sua criação, algumas músicas do Saltério ainda sobrevivem e, são amplamente, cantadas. É o caso do hino “Não há Condenação”, incluido no Hinário Novo Cântico (Nº98). Em resumo, cada hino e hinário possuem sua história e peculiaridade. E todos eles trazem ricas e edificantes mensagens de Deus para nós, além de muita adoração. Wellerson Cassimiro
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