6 de set. de 2011

11 de setembro: A tipificação dos Santos e Profanos



Mais uma vez, o tão falado 11 de setembro volta a ser pauta nos diversos meios de comunicação. Do impresso à mídia digital. Só que dessa vez, com a desculpa de aniversário de 10 anos do atentado às torres gêmeas do World Trade Center (WTC). A grande mídia, elitizada, lança mão das reportagens - “novelísticas” - sustentadas sobre as lágrimas daqueles que perderam amigos ou parentes e, enraízadas nas memórias daqueles que sobreviveram ao suposto ataque terrorista. As mesmas incansáveis cenas dos aviões colidindo com os edifícios já povoam televisão, internet e jornais. Se o rádio tivesse o poder da imagem, ali também estariam as torres em chamas e pessoas chorando. A palavra de ordem é dramatizar para comover.

O que estas atuais reportagens, dignas de um Oscar de melhor drama, não mencionam é a série de informações descontradas, desmentidas e mentiras mal disfarçadas que até hoje envolvem o governo de George W. Bush, eleito de forma duvidosa sobre o candidato Al Gore, sem os votos dos 16 mil afro-americanos, do Condado de Durval; os acontecimentos pós-atentado ao edifício do World Trade Center e a guerra do Afeganistão e Iraque. Não questionam a forma pela qual pessoas de origem sauditas foram presas sem qualquer acusação. Bastasse ter semelhanças físicas árabes e já ganhava-se um passaporte para a prisão. Pareceu-me mais como um caça às bruxas, como na peça teatral “As Bruxas de Salém”, de Arthur Miller, escrita em 1953, contrapondo ao macartismo, período no qual o governo norte-americano passou a perseguir pessoas acusadas de comunistas, protagonizadas pelo senador Joseph McCarthy.

O que se percebeu, em 2001 e nos meses seguintes, foram imagens de luzes esverdeadas caindo sobre Bagdá. Jornalistas foram censurados, impedidos de acessos e confundidos. E, dez anos depois, ainda não se sabe o número exato de vítimas. Outro fato, talvez, esquecido pela imprensa e, no mínimo curioso, é a suposta morte de Osama Bin Laden, o qual teve seu corpo sepultado no mar segundo tradições religiosas. Atitude suspeita, não!?

Caçado desde o dia seguinte ao atentado, Bin Laden seria como um troféu para os norte-americanos. Sabe-se que os Estados Unidos nunca respeitaram a religiosidade do povo muçulmano. Na ignorante guerra de retaliação, soldados norte-americanos destruiram mesquitas sob a alegação de que, estes templos estariam servindo de abrigo para terroristas. Informação jamais confirmada. E, como em um passe de mágica, o comando militar dos EUA passa a compreender os rituais desta religião. Daí por diante, as contradições explodem no ar, como fogos de artifícios na noite de 4 de julho.

Em 19 de abril de 2002, aviões norte-americanos bombardearam tropas canadenses. Quatro soldados morreram e oito ficaram feridos. Os canadenses estavam fazendo exercícios militares em solo quando foram atacados, confundidos com talibãs. Um mês depois, o mesmo exército anunciou que um bombardeio realizado no dia 18 de maio havia matado dez terroristas islâmicos. No entanto, segundo informações de uma agência de notícias afegã, o ataque aconteceu sobre um grupo que participava de uma festa de casamento. Obviamente, informação desmentida pelo governo de Bush.

Em 2 de julho, os soldados do Tio Sam protagonizaram outro equívoco. Aviões e helicópteros bombardearam outra festa de casamento. Desta vez, na vila de Kakarak, trezentos quilômetros a sudoeste de Cabul. Testemunhas disseram que pelo menos 120 pessoas morreram, a maioria mulheres e crianças. E, mais uma vez, as informações foram negadas pelo alto comando do exército americano.

Creio que o mais surpreendente de toda esta história, transformada em novela, é o fato de que o comando militar dos Estados Unidos, com medo de pisar em solo afegão, ofereceu incentivos às forças militares locais para quem tomasse a dianteira e se empenhasse na tarefa de caçar Bin Laden nas cavernas das montanhas do Afeganistão. Os incentivos eram dinheiro, armas e roupas de inverno para que os afegãos lutassem em seu lugar. Que decepção, hein!? E, olha que o cinema norte-americano sempre exalta seu exército “beatificando” seus bravos soldados, destemidos, capazes de combater qualquer tipo de inimigo. Desde terroristas em trens e aviões até alienígenas, além de salvar o Planeta Terra, como se fosse um favor, do impacto com imensos asteróides.

Se no próximo domingo, 11 de setembro, vamos acender velas e fazer um minuto de silêncio, ou até dois, em memória dos mortos nas torres gêmeas, creio que devemos lembrar também dos civis afegãos mortos na guerra de retaliação. Mulheres, crianças e pais de famílias mortos em nome de uma ideologia de olho-por-olho e dente-por-dente. O que difere as pessoas mortas no atentado, das pessoas mortas em solo afegão? Ah... sim, claro. As vítimas do WTC não tinham em suas testas o rotúlo pejorativo, de origem ocidental e capitalista de: terroristas. As demais diferenças que pesaram na decisão de iniciar uma resposta militar foram, meramente, étnicos-religiosos. Nesta disputa pelo poder econômico mundial basta saber enxergar os santos e os profanos. Ah... já ia me esquecendo. Uma pesquisa revelou que o Afeganistão pode ter um campo com reservas de 1,8 bilhão de barris de petróleo no norte do país. Assim, qualquer relação do governo norte-americano e o petróleo saudita... é mera e a mais simples coincidência. Já até escrevi minha carta para o papai Noel.
Wellerson Cassimiro

Um comentário:

Alexandre disse...

Muuuito bom. Parabéns!