18 de jul. de 2012

A mídia - criadora ou criatura?

A mídia cria a cultura, ditando árduas regras de comportamentos sociais. Ou será que uma complementa a outra? A relação mídia e cultura ocorreria mais como uma interação ou regime totalitário? Na verdade; ora, a mídia prevalece sobre a cultura. Ora, ocorre um processo inverso. No entanto, baseado na teoria do agendamento, ou agenda setting, revelo pensamentos os quais indicam a mídia como pervesa criadora, e menos como uma vulnerável criatura. Somos vítimas e criaturas de nossos meios de comunicação. Somos aquilo que lemos, ouvimos e assistimos.

A mídia hoje é mais forte do que pensamos. Por todos os lados, somos cercados pelos recursos de comunicação, como televisão, internet, rádio, jornais e revistas. Observa-se que a cultura de um povo é modificada conforme as tendências midiáticas. E, os exemplos são os mais variados. Em seu livro “Televisão Subliminar, socializando através de comunicações despercebidas”, Joan Ferrés faz uma exímia crítica ao fascínio, sedução e encanto que os artistas exercem sobre as pessoas. Ferrés afirma que as pessoas assumem as identidades de seus ídolos e, como resultado negam as suas próprias identidades. Elas assumem comportamentos que surgem da TV e do cinema, exaltando esses artistas os quais, também, escravizados por suas próprias personagens. Tanto são celebridades quanto escravos da indústria cultural.

Artistas, como Silvestre Stalone e a cantora Cher se submeteram à cirurgia estética para melhor encarnar suas “personas midiáticas”. No caso de Stalone, por exemplo, as intervenções cirúrgicas ocorreram em seu rosto, para dar vida ao ideal bravo e heróico soldado norte-americano, defendo e lutando pelos interesses de sua pátria. Hollywood caracteriza-se como uma grande fábrica de estrelas, ídolos e herois. A televisão, todavia, dá continuidade a essa veneração através das novelas e seriados, como Lost, Barrados no Baile, Lances da Vida, Smallville, Glee e dentre outros.

Esses programas derramam fortes ideologias de uma cultura capitalista sobre a já exsistente, esmagando costumes. Os chamados Reality Shows, também, têm contribuído para esse processo de “desaculturação” nativa para surgir uma nova cultura. Uma cultura mista. Ao meu ver, ficar diante da televisão, assistindo a um grupo de pessoas, confinadas, discutindo, brigando e... deixa pra lá... (censurado) não acrescenta em nada ao desenvolvimento de um país que ainda amarga uma forte herança de seu período colonial. Concluo, desse modo, afirmando e ratificando os conceitos de Joan Ferrés, que uma cultura frágil e desacreditada é facilmente influenciada pela mídia dominada por grandes empresários. Ou melhor, dinastias midiáticas. Wellerson Cassimiro

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