8 de dez. de 2010

Eu, Christiane F, - Kai Hermann e Horst Rieck

Liberdade, família desestruturada, violência e overdoses

“O caminho que leva à droga não é traçado pelas excentridades de uma categoria particular de crianças e adolescentes essencialmente marginais. Mas, por todo um conjunto de problemas estreitamente relacionados.” Estas são as primeiras palavras que revelam um grave problema social, citado no livro “Eu, Christiane F.”, escrito pelos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck.

Os jornalistas revelam a história de uma jovem alemã, Christiane F., que se envolveu, precocemente, com o mundo das drogas e da prostituição. A jovem cresceu em um bairro pobre, em um ambiente hóstil, por conta das constantes surras que levava de seu pai alcoólatra. A pancadaria doméstica seguia como rotina. Não satisfeito, seu pai também distribuía socos e pontapés com a sua esposa que, se mantinha submissa. Durante a infância, as dependências do conjunto habitacional Gropius tornaram-se cenários para as primeiras aventuras de Christiane, lugar no qual as placas de proibição se multiplicavam por todos os ambientes.

Aos 12 anos de idade, ganhou uma liberdade que sua mãe lhe deu, depois do divórcio, como recompensa aos terríveis momentos que suportou ao lado do pai violento. “Com jeans e de salto alto, andava pela rua todas as noites, até às dez horas. Tinha a impressão de que não me queriam em casa. Mas, por outro lado, achava legal ter tanta liberdade” (p.36). Liberdade esta que quase lhe custou a vida.

Sem regras, a jovem alemã ingressou, velozmente, no mundo das drogas. A princípio, experimentou as drogas mais leves. Entretanto, com o passar dos dias, estas já não a satisfazia mais. A heroína, então, foi o seu refúgio (p.99). Christiane começou a trilhar um caminho de frustações e incertezas. Para sustentar o vício, uma vez que não possuía emprego, começou a se prostituir aos 14 anos. Colecionando decepções, a jovem tentou se matar através de overdoses. Contudo, após inúmeras tentativas seus objetivos foram frustrados pela desintoxicação. A família desestruturada, pai violento, mãe extremamente submissa e divórcio repentino contribuíram para o ingresso de Christiane no caminho das drogas. Wellerson Cassimiro

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