3 de ago. de 2009

XX Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga



A VIENA MINEIRA

Tive a oportunidade de acompanhar os 14 dias em que, a cidade de Juiz de Fora se transformou na capital da música erudita. Uma Viena Mineira por se dizer. Por todos os lados se viam transitar estudantes, professores e mestres em música carregando pequenos, grandes e curiosos instrumentos. Na região central da cidade podiam se ouvir sons de violoncelos, violinos e violas barrocas, flautas doce e traversos, fagotes, oboés, piano e cravo.

Durante o dia, um corre-corre sem parar de estudantes indo para as aulas. Nas costas ou debaixo do braço, os seus instrumentos; um amigo fiel. E, à noite, uma série de concertos e apresentações ao ar livre. Um dos mais lindos cenários do município foi palco fundamental desses concertos: o Cine-Theatro Central, que permaneceu lotado em todos eles.

Toda essa euforia musical foi causada pelo XX Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, promovido pelo Centro Cultural Pró-Música de Juiz de Fora. O evento teve início no dia 19 de julho e encerrou no dia 1º de agosto. Além de composições brasileiras, inúmeras obras de compositores franceses foram executadas por grupos musicais e orquestras, em comemoração ao “Ano da França” no Brasil.

• • Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

Sob a regência de Charles Roussin, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais abriu as atividades da programação, no dia 19 de julho. Daí por diante, somaram-se mais 32 concertos no Cine-Theatro Central, Teatro Pró-Música, nas Igrejas do Rosário, São Sebastião, São João Evangelista e Capela Senhor dos Passos; no palco montando no Calçadão da Rua Halfeld, nos saguões do Fórum Benjamim Colucci, Correios, Banco do Brasil, Banco Itaú, Mister Shopping, JF Informação e no Auditório Cláudio Santoro, na cidade de Campos do Jordão (SP).

• • Orquestra Barroca do XX Festival

Na noite de segunda-feira, 20, o Cine – Theatro Central foi palco para a apresentação da Orquestra Barroca do XX Festival. Com instrumentos de época a Orquestra executou peças de compositores franceses como, Jean Fery Rebel e Jean-Philippe Rameau. Integrando-se aos músicos estava o conceituado violinista Andre Cavazotti.

• • Pianista Eudóxia de Barros

A pianista Eudóxia de Barros abrilhantou o evento, juntamente, com a Orquestra Pró-Música, sob a regência de Nelson Nilo Hack, no dia 22. Na primeira parte do concerto, a pianista realizou um solo tocando obras de compositores europeus como, Wolgang Mozart (Rondó K485), Frédéric Chopin (Noturno op.72, nº1, em mi menor) e brasileiros; Zequinha de Abreu (Soluçar de um Coração) e Chiquinha Gonzaga (Gaúcho). A segunda parte da apresentação teve a presença da Orquestra que ao lado de Eudóxia de Barros interpretaram o “Concerto nº1 em Sol menor para piano e orquestra” de Felix Mendelsshon. O ponto alto do concerto foi no momento em que, Eudóxia executou a peça “Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro” de Gottschalk, arrancando suspiros de euforia de toda a plateia. O pedido de bis, ao final da apresentação, não poderia faltar, é claro.

• • Le Poème Harmonique

Outro destaque do evento foi o grupo francês Le Poème Harmonique, sob a direção de Vincent Dumestre. Em apresentação única, na cidade, no dia 24, o grupo ofereceu um belíssimo concerto na Igreja do Rosário, no bairro Granbery. As luzes da igreja permaneceram apagadas, e a apresentação ocorreu à luz de velas, remetendo o público, à atmosfera do século XVII. Próximo do final do concerto, as velas foram sendo apagadas uma a uma, intercalando com cada obra executada. O público aplaudiu de pé, aclamando por bis. Formado em 1997, Le Poème Harmonique é constituído por músicos solistas, especializados em músicas do século XVII e início do século XVIII. Sua formação integra-se vozes de soprano, contratenor, tenor e barítono. Os instrumentos usados são a viola de Gambá, teorba, órgão e cravo.
Wellerson Cassimiro

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